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O economista brasileiro Cezar Busatto está satisfeito com o resultado prático da sua atuação política no final do ano passado. Enquanto realizava uma pesquisa sobre a democracia americana, na Califórnia, ele acabou se envolvendo como voluntário na campanha que elegeu o democrata Barack Obama presidente dos Estados Unidos, e, às vésperas de se completarem 100 dias do novo governo, acha que seu candidato está agindo como ele esperava, realmente mudando o país mais poderoso do planeta, e influenciando todo o mundo.

"A mudança está sendo vista na prática", disse Busatto, em entrevista ao G1, por telefone. Para ele, Obama está fazendo nesses primeiros meses de governo tudo o que prometeu na campanha. "Isso é uma novidade pois normalmente o que os políticos defendem na campanha acaba não sendo exatamente o que fazem quando governam", disse, elencando exemplos de mudança como o orçamento enviado ao congresso e a decisão de retirar as tropas norte-americanas do Iraque.

Para o economista, Obama faz que se concretizem todas as plataformas propostas durante a campanha eleitoral, o que expressaria um novo jeito de fazer política, em que você faz no governo exatamente o que defendeu na campanha. "E faz imediatamente, não fica esperando. Ele traz a verdade para a política. Esta é a maior revolução que ele está praticando, introduzir a verdade como valor fundamental da política."

Convidado para estudar na Universidade Stanford, Busatto aproveitou para fazer a pesquisa sobre a campanha eleitoral que estava se desenrolando. Ele se inscreveu como voluntário numa pequena cidade da Califórnia e acabou incluído na campanha em Nevada, falando com a população de origem hispânica, ajudando a conquistar mais votos para Obama. Foi graças à participação de milhares de voluntários como ele que Obama venceu neste e em outros estados decisivos da eleição de novembro de 2008. Além da pesquisa, a experiência se transformou no livro "Um voluntário na campanha de Obama" (Ed. Coletiva), em que conta o que viveu durante o processo eleitoral.

Idealismo

Além de creditar a Obama a transformação política que descreveu acima, Busatto fala empolgado da campanha como um momento único em que as pessoas se envolveram na política por idealismo. "No Brasil, as pessoas ficam passivas, em casa, e quem faz campanha na rua é gente paga. Na campanha de Obama havia idealismo, comprometimento com a causa", contou.

O democrata de fato se elegeu com imenso apoio popular e uma forte campanha de voluntários. E mesmo prestes a completar cem dias no poder e em meio à continuação da crise financeira global, mantém altos índices de aprovação popular no país.

"Obama foi buscar o financiamento de campanha do próprio eleitor, que é para quem ele vai prestar contas, e não mais para as grandes corporações. Foram 4,5 milhões de norte-americanos que doaram dinheiro para financiar 85% da campanha de Obama. Hoje ele precisa prestar conta para a população e não para nenhuma empresa", diz Busatto. "O grande diferencial da campanha de Obama foi levar a política até a população. Ele criou um slogan que dizia ‘sim, nós podemos’, e tirou de si a única responsabilidade pela ação. Ele fez um discurso que incorporou as pessoas no projeto, pedindo mobilização social", conta.

O voluntário brasileiro admite que a política tradicional ainda pode se fortalecer e paralisar este momento de "mudança", mas se diz mais confiante de que pode acontecer o contrário, com uma confirmação do governo Obama como bem-sucedido, consolidando a plataforma transformadora.

Ele vai além, e diz acreditar que o norte-americano vai exportar esta transformação para outros países, mudar a cultura política global. "A mudança que estamos observando não está acontecendo num país de segunda categoria, mas no país mais importante do planeta, a democracia mais madura, de forma real e concreta. Isso vai fazer escola no mundo. Não tenho dúvida de que uma série de novas metodologias usadas na campanha dele já vai entrar fortemente na disputa eleitoral brasileira do próximo ano."

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