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Ativistas dos partidos islâmico e nacionalista se enfrentam na cidade de Rajshahi, em dia de eleições em Bangladesh | Stringer/Reuters
Ativistas dos partidos islâmico e nacionalista se enfrentam na cidade de Rajshahi, em dia de eleições em Bangladesh| Foto: Stringer/Reuters

100 postos de votação foram incendiados ontem por membros da oposição. As eleições nacionais foram boicotadas pelos partidos opositores e descritas como falhas pela comunidade internacional. Ativistas vêm realizando ataques, greves e bloqueios nos transportes em ações que já deixaram pelo menos 286 mortos desde o ano passado.

Controvérsia

Potências consideram pleito uma fraude e não enviam observadores

A União Europeia, os Estados Unidos e a Comunidade Britânica de Nações (Commonwealth) não enviaram observadores ao Bangladesh, pois consideram a eleição uma fraude. A vice-porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Marie Harf, disse que Washington está desapontado com o fato de os principais partidos políticos do país não terem chegado a um consenso para realizar eleições livres e justas.

Com o boicote da oposição, a eleição se tornou uma disputa entre candidatos do partido governista, a Liga Awami, que concorrem sem adversários de outras legendas para a maior parte das 300 cadeiras do Parlamento.

Caos político

Analistas dizem que o caos político pode piorar ainda mais os problemas econômicos enfrentados pelo país, de 160 milhões de habitantes, e levar à radicalização. Bangladesh, localizado no sul da Ásia, tem um histórico sombrio de violência política que inclui o assassinato de dois presidentes e 19 tentativas de golpe desde a independência do Paquistão, em 1971.

  • Opositores incendeiam posto de votação em Narayanganj

A polícia de Bangladesh atirou em manifestantes e ativistas da oposição que incendiaram mais de 100 postos de votação ontem, durante as eleições nacionais boicotadas pela oposição e descritas como falhas pela comunidade internacional. Ao menos 18 pessoas foram mortas na violência relacionada ao pleito.

A recusa do primeiro-ministro Sheikh Hasina de atender à exigência da oposição de deixar o cargo e indicar um governo interino neutro para supervisionar a eleição levou ao boicote, o que prejudica a legitimidade do pleito. Ativistas de oposição vêm realizando ataques, greves e bloqueios nos transportes em ações que já deixaram pelo menos 286 mortos desde o ano passado.

A quantidade de pessoas que compareceu para a votação parece ter sido baixa, embora os números oficiais ainda não fossem conhecidos até a noite de ontem. Em um centro de votação no subúrbio de Daca, um envolvido na votação disse que cerca de 500 pessoas haviam deixado seu voto até as 14 horas no horário local, cerca de duas horas antes do fechamento das urnas. O centro tem mais de 4,1 mil eleitores cadastrados.

"Nós não esperávamos essa eleição", declarou Aminul Islam, morador da capital Daca, que se recusa a votar. "Tanto o governo quanto a oposição são responsáveis por esta situação. Eles não querem estabelecer a democracia", afirma. "O boicote de vários partidos pode ter contribuído para o baixo comparecimento às urnas", declarou o comissário chefe eleitoral Kazi Rakibuddin Ahmad a jornalistas, em seu escritório em Daca.

Vitória

Sem a participação da oposição, não houve disputa para mais da metade dos assentos no Parlamento e a vitória foi da governista Liga Awami. Em um comunicado, o porta-voz da oposição Mirza Fakhrul Islam Alamgir pediu que a população rejeite as eleições, as quais chamou de "sem sentido".

A contagem de votos começou ainda ontem após o fechamento das urnas. O resultado oficial é esperado para a manhã de hoje. A oposição anunciou ainda uma nova greve geral de 48 horas que deve começar nesta segunda-feira. O objetivo é fazer com que as eleições sejam anuladas.

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