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Cairo (AE/AP) – Os egípcios participaram ontem das primeiras eleições presidenciais com mais de um candidato na história do país. Para a oposição e grupos de observadores internacionais, no entanto, a experiência democrática começou mal. Eles alegam que inúmeras fraudes beneficiaram o candidato favorito, o presidente Hosni Mubarak.

A apuração dos votos começou logo após o fechamento dos 9.865 centros de votação, às 22 horas locais, depois de 14 horas de funcionamento. Poderá levar três dias para o resultado ser anunciado, informaram funcionários eleitorais. No Egito, é proibida a realização de pesquisa de boca-de-urna, mas Mubarak, de 77 anos e desde 1981 no poder, era o favorito para obter seu quinto mandato.

A oposição denunciou desvio e compra de votos e intimidação. Segundo a oposição, em Luxor, os funcionários dos centros de votação diziam aos eleitores que votassem em Mubarak e até mesmo votavam por eles; e em Alexandria, funcionários do partido governista ofereciam comida aos eleitores.

Previa-se uma baixa participação dos 32 milhões de eleitores. Nove candidatos concorreram contra Mubarak, mas somente dois tinham possibilidade de obter um expressivo número de votos: Ayman Nour, do Partido Al-Ghad (ultraliberal), e Numan Gomaa, do Partido Novo Wafd (liberal). Ayman afirmou que obteve de 30% a 55% dos votos.

Segundo os analistas, Hosni Mubarak deve suceder a si mesmo. Mais precisamente, o "déspota" Mubarak cede o lugar ao "democrata" Mubarak com a eleição pluralista e a liberdade de voto, jamais experimentados. Militar na alma e na carne, ele dirige tudo no segredo de seu QG. Desconfiado, tem correspondentes que não o conhecem e que lhe telefonam todos os dias para lhe dar uma imagem do país real. O presidente reúne todos esses dados e só age depois de formar uma opinião, num estilo de governo pouco parecido com as democracias ocidentais.

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