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O comparecimento à primeira etapa da eleição parlamentar no Egito foi de inéditos 62 por cento, número bem superior ao que costumava ser registrado nos manipulados pleitos organizados durante as três décadas do governo de Hosni Mubarak, disse na sexta-feira o chefe da comissão eleitoral do país

Abdul Moez Ibrahim admitiu que houve várias violações das regras eleitorais na votação de segunda e terça-feira, especialmente casos de boca de urna, mas afirmou que isso não afetou o resultado.

Em tom de brincadeira, Ibrahim disse que o comparecimento desta semana foi o mais elevado em qualquer eleição egípcia "desde os faraós," superando inclusive as "falsificações de eleições anteriores."

"O sangue dos mártires regou a árvore da liberdade da justiça social e do estado de direito. Agora estamos colhendo seus primeiros frutos," disse Ibrahim, num tributo às mais de 850 pessoas mortas durante a rebelião popular que levou à queda de Mubarak, em fevereiro.

Na sexta-feira, os manifestantes estiveram de volta à praça Tahrir, epicentro da revolução, para homenagear 42 pessoas que morreram nos protestos do mês passado contra a junta militar que substituiu Mubarak.

"Sem a Tahrir, não teríamos tido essas eleições," disse o manifestante Mohamed Gad. "Se Deus quiser, as eleições vão dar certo, e a revolução vai triunfar."

Mas muitos dos jovens que saíram às ruas no começo do ano agora temem que a sua revolução seja apropriada pelos militares ou por bem organizados partidos islâmicos.

Ibrahim anunciou os resultados apenas de alguns poucos distritos onde houve uma votação expressiva em prol de candidatos individuais. A maioria dessas disputas será decidida em um segundo turno da semana que vem.

O chefe da comissão eleitoral não apresentou resultados relativos à votação em listas partidárias, na qual os partidos islâmicos são favoritos.

Das 56 vagas distritais em disputa, só quatro foram decididas em primeiro turno. Em duas delas, o vencedor é do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), ligado à Irmandade Muçulmana, maior organização de massas do Egito, que era proibida de disputar eleições na época de Mubarak.

Pelo complexo processo eleitoral egípcio, dividido em três fases ao longo de seis semanas, dois terços das 498 vagas parlamentares são distribuídas entre listas partidárias, e as demais são reservadas a candidatos eleitos individualmente em cada distrito.

A Irmandade Muçulmana estima que o PLJ tenha recebido 43 por cento dos votos em lista na primeira etapa da votação.

Mas o site da entidade informou também que o partido salafista Al Nour pode ter conseguido 30 por cento dos votos, o que seria um choque para muitos egípcios, especialmente membros da minoria cristã copta, temerosos de que os salafistas tentem impor rígidos comportamentos islâmicos à sociedade.

O Al Nour disse na quinta-feira que esperava obter 20 por cento dos votos.

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