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Ex-premiê Mario Monti não pode concorrer como candidato, mas se uniu a uma das chapas | Tony Gentile/Reuters
Ex-premiê Mario Monti não pode concorrer como candidato, mas se uniu a uma das chapas| Foto: Tony Gentile/Reuters

Economia do país enfrenta três desafios

O crescimento econômico, a revisão de seu sistema fiscal e a redução de sua elevada dívida, que se situa acima de 120% do Produto Interno Bruto (PIB), são os três principais desafios que o novo governo italiano terá que enfrentar.

O Executivo que sucederá o gabinete tecnocrata de Mario Monti, que deseja voltar a ser primeiro-ministro, desta vez através de eleições, chegará ao poder previsivelmente com menor pressão nos mercados financeiros do que quando o ex-comissário europeu assumiu o cargo em novembro.

Mas, por sua vez, sentirá sobre seus ombros o peso do dever de conservar a confiança que Monti devolveu às finanças da Itália em 13 meses, ampliando ou revisando algumas de suas reformas ou, inclusive, abolindo-as, como pode acontecer se a centro-direita, liderada pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, ganhar as eleições.

Nos cinco anos de legislatura que serão abertos a partir da formação do Parlamento, o crescimento será o principal desafio econômico para o governo, a fim de conseguir que a Itália saia o mais rápido possível da recessão na qual entrou no final de 2011 e deixe para trás a década de débil crescimento vivido pelo país no século 21.

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Bersani pretende resgatar as políticas de bem-estar cortadas pela austeridade

O líder da coalizão de centro-esquerda italiana, Pier Luigi Bersani, aparece como o candidato disposto a devolver à Itália as políticas sociais truncadas pelas medidas de austeridade impostas pelo governo de Mario Monti, mas sem abandonar o caminho da recuperação econômica e do crescimento.

O secretário-geral do Partido Democrata (PD) deseja se transformar em uma alternativa à "era berlusconiana". Para isso, o político terá que superar o demissionário primeiro-ministro Mario Monti, que, em seus 13 meses de governo, conseguiu controlar o vendaval econômico deixado por Berlusconi, embora as pesquisas lhe outorguem apenas 16% das intenções de voto.

Apesar de as pesquisas apontarem a coalizão de centro-esquerda como vencedora das eleições com 34% a 38% dos votos, Bersani, de 61 anos, também deverá enfrentar o líder da coalizão de centro-direita, Silvio Berlusconi, um histórico rival do PD e que aparece nas enquetes em segundo lugar com 28% e 30%.

Mas, além de seus rivais diretos em sua corrida em direção à presidência do Governo, pesa agora sobre Bersani a sombra do escândalo do suposto buraco do banco Monte Paschi di Siena, controlado por uma fundação cuja maioria dos membros foi nomeada pela prefeitura de Siena, historicamente nas mãos da esquerda.

O líder de centro-esquerda acena para uma possível aliança com a coalizão centrista de Mario Monti.

38% das intenções de voto apontam vitória de Luigi Bersani (Partido Comunista) com Nichi Vendola (Esquerda, Ecologia, Liberdade), que representam a corrente mais progressista da centro-esquerda.

30% dos italianos dizem que vão votar em Silvio Berlusconi (Povo da Liberdade), numa coligação com a Liga do Norte. "Il Cavaliere" prometeu devolver imposto pago sobre primeiro imóvel.

16% dos votantes apoiam Pierferdinando Cassini (União de Democratas Cristãos) e Gianfranco Fini (Futuro e Liberdade), ligados ao primeiro-ministro interino Mario Monti.

16% também é o número de eleitores que devem votar com Beppe Grilo (Movimento 5 Estrelas), humorista e populista que agrada os desencantados pela política italiana.

  • Comediante Beppe Grillo ganha a simpatia daqueles que defendem a chamada
  • Berlusconi fala em programa de televisão de uma carta na manga para ganhar eleitores
  • Pier Luigi Bersani participa de comício em Nápoles e promete devolver políticas sociais

As eleições gerais na Itália, que ocorrem hoje e amanhã, têm quatro protagonistas, mas 19 chapas participam da disputa para vagas na Câmara dos Deputados e outras 16 concorrem para o Senado.

O primeiro-ministro em fim de mandato, Mario Monti, de 70 anos, anunciou sua saída da arena política no último dia 25 dezembro e, como não pode se apresentar como candidato por sua condição de senador vitalício, várias formações centristas fizeram um fino trabalho de ourivesaria política para que o ex-comissário pudesse concorrer a um novo mandato.

No dia 4 de janeiro, o próprio Monti apresentou a coligação Escolha Cívica, uma parceria com a União de Democratas Cristãos (UDC), de Pierferdinando Cassini, e Futuro e Liberdade (FLI), de Gianfranco Fini, à qual as pesquisas de voto outorgam 16% dos votos.

Monti abandonou seu tom pedagógico de primeiro-ministro para mostrar uma atitude mais agressiva com seus oponentes, defender ferrenhamente as medidas adotadas durante seu governo e se qualificar como o único político capaz de levar o país à frente.

Monti chegou a chamar Berlusconi de "flautista de Hamelin" e de "encantador de serpentes" por sua última proposta de devolver aos contribuintes o imposto pago ao primeiro imóvel, reintroduzido por seu governo.

Os analistas acreditam que a proposta, que Berlusconi guardou na manga pela grande quantidade de votos que pode garantir, pode também acarretar a perda de confiança dos mercados na Itália e jogar no lixo todo o trabalho de credibilidade econômica e de imagem desenvolvida nos 13 meses do governo de Monti.

Berlusconi, de 76 anos, se apresenta como cabeça de chapa ao Senado por seu partido, o Povo da Liberdade (PDL), e conseguiu chegar a 30% das intenções de voto.

Por sua vez, o líder da coalizão de centro-esquerda italiana, Pier Luigi Bersani, de 62 anos, com 38% dos votos, está disposto a devolver à Itália as políticas sociais afetadas pelas medidas de austeridade impostas por Monti, sem abandonar o caminho de recuperação econômica e de crescimento.

Bersani chega a estas eleições junto com o carismático Nichi Vendola, líder de Esquerda, Ecologia, Liberdade, que representa a corrente mais progressista da centro-esquerda com um programa baseado na conversão "ecológica" da economia.

E, finalmente, há o líder do Movimento 5 Estrelas, o humorista Beppe Grilo, que agrada os desencantados pela política italiana, apesar de sua criticada personalidade populista. Seguidor da chamada "antipolítica", Grilo, de 63 anos, tem 16% das intenções de voto e foi ganhando importância na cena eleitoral.

Centro-esquerda é favorita para vencer o pleito

A centro-esquerda de Pier Luigi Bersani é favorita nas eleições, embora a volta da centro-direita de Silvio Berlusconi possa inclusive levar à ingovernabilidade do país.

Nesse duelo histórico entre a centro-esquerda e a centro-direita, com mais ou menos os mesmo protagonistas que nas eleições dos últimos 20 anos, se intrometeu Mario Monti, o ex-comissário europeu eleito pelo chefe de Estado, Giorgio Napolitano, para guiar o país após a renúncia de Berlusconi em novembro de 2011, e que decidiu passar à política para continuar sua ação reformadora.

Os 51 milhões de italianos com direito a voto enfrentarão nas urnas várias situações incomuns que fazem destas eleições um verdadeiro quebra-cabeças. Berlusconi se apresenta como líder de uma coalizão formada por seu partido, Povo da Liberdade (PDL), a Liga Norte e outras formações de direita, mas não é o candidato a primeiro-ministro.

Monti, que representa a coalizão de partidos e associações centristas, não aparece nas listas eleitorais, por já ser senador vitalício e não poder concorrer a uma cadeira.

O campo em que as eleições são verdadeiramente disputadas é o Senado e a Câmara. Os partidos precisam brigar pela maioria da vagas para poder governar o país.

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