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O filho do presidente da Colômbia, Nicolás Petro, e sua ex-esposa, Daysuris Vásquez, em audiência em Bogotá nesta sexta-feira (4)
O filho do presidente da Colômbia, Nicolás Petro, e sua ex-esposa, Daysuris Vásquez, em audiência em Bogotá nesta sexta-feira (4)| Foto: EFE/Mauricio Dueñas Castañeda/Justiça da Colômbia

O escândalo sobre a possível entrada de dinheiro ilegal na campanha do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também trouxe à tona uma rede de corrupção no departamento do Atlântico, no qual foram praticados roubos sem escrúpulos, segundo revelou o Ministério Público na audiência de acusação do filho mais velho do mandatário, Nicolás Petro, que continua nesta sexta-feira (4).

O procurador Mario Burgos revelou o áudio de uma conversa em que Daysuris Vásquez, ex-esposa de Nicolás e também presa e acusada dos crimes de lavagem de dinheiro e violação de dados pessoais, conversa com Máximo Noriega, amigo e até a semana passada candidato ao governo do Atlântico pelo movimento Colombia Humana, criado pelo presidente.

“Aqui ele está roubando, eu estou roubando, o outro está roubando e todos nós estamos roubando”, disse Vásquez a Noriega sem constrangimento em uma ligação em 23 de janeiro, quando este lhe pediu que devolvesse o dinheiro a Nicolás Petro, de quem já estava separada.

Segundo Vásquez, Nicolás Petro não deveria chamá-la de “ladra” ou denunciá-la pelo dinheiro em disputa, cujo valor não é especificado, “porque ele tem rabo preso e a primeira coisa que vão perguntar é onde de onde veio o dinheiro”.

“Quando sair essa m*, vou dizer de onde saiu esse dinheiro; quando publicar alguma coisa, não reclame porque se vamos ser explodidos aqui, Nicolás e eu vamos explodir”, acrescenta.

Irritada com o fato de seu ex-marido estar exigindo a devolução de dinheiro recebido de diferentes fontes ilegais, incluindo tráfico de influência, propinas e contratos fraudulentos, Vásquez insiste: “Esse dinheiro era ilegal e se eu começar a espalhar de onde veio o dinheiro, quem vai se afundar é ele [Nicolás Petro]”.

“Esse dinheiro foi dado por um extraditado, se eu sair e disser que é um extraditado, vão metê-lo na prisão”, acrescenta, citando o narcotraficante Samuel Santander Lopesierra, vulgo “o Homem de Marlboro”, como a origem do dinheiro.

Lopesierra foi extraditado em 2003 para os Estados Unidos, onde foi condenado a 25 anos de prisão por tráfico de drogas e foi libertado em 2021, quando voltou para a Colômbia. Atualmente, é candidato a prefeito de Maicao, cidade do departamento de La Guajira, nas eleições de outubro.

Na ligação, Noriega reconhece que só faz o que Nicolás Petro manda e insiste que Daysuris Vásquez devolva o dinheiro, porque “não dá para fingir que não se aproveitou do conflito para ficar com ele”.

“Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”, responde a mulher, destacando que, apesar da separação, tem direito a parte do dinheiro de Nicolás Petro.

Nesse momento, ela diz a Noriega que até uma parte do salário do marido como deputado na Assembleia do Atlântico lhe corresponde, porque ela conseguiu dinheiro para a campanha dele.

“Eu me ferrei naquela campanha, tenho direito a algum dinheiro desse salário. Me ferrei naquela campanha recebendo contribuições e você sabe de quem”, frisa.

Vásquez diz na gravação que tem “o registro de cada uma das coisas em que Nicolás gastou [dinheiro]. Onde, como, com quem e quando”, e garante que suas despesas são incompatíveis com o seu salário de deputado.

“Seu salário é de 17 milhões de pesos [cerca de US$ 4 mil]”, incluindo bônus, férias e outros benefícios, “e você sabe que isso não é grande coisa”, lembra.

Na quinta-feira (4), Nicolás Petro havia revelado que parte do dinheiro supostamente ilegal que recebeu e pelo qual está sendo processado por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito entrou na campanha eleitoral de 2022 do pai, incluindo repasses de Lopesierra.

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