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Opositora acredita que áudio foi vazado para acobertar escândalo de corrupção envolvendo Pedro Castillo denunciado na véspera pela imprensa peruana
Opositora acredita que áudio foi vazado para acobertar escândalo de corrupção envolvendo Pedro Castillo denunciado na véspera pela imprensa peruana| Foto: EFE/Aldair Mejía

A presidente do Congresso do Peru, María del Carmen Alva, assegurou no ano passado que o presidente Pedro Castillo seria destituído, mas os legisladores seriam mantidos em seus cargos, segundo um áudio vazado nesta sexta-feira (3) nas redes sociais.

“Nós vamos tirar apenas o presidente”, diz Alva no áudio, cuja autenticidade foi confirmada pela própria presidente do Legislativo em entrevista coletiva na qual denunciou ter sido vítima de uma interceptação telefônica.

Na opinião da líder parlamentar, este áudio foi vazado intencionalmente para acobertar outro suposto escândalo no qual o presidente peruano estaria envolvido.

No áudio, que Alva afirmou ser de setembro ou outubro do ano passado, apenas dois meses após a posse de Castillo, a parlamentar rejeita a abordagem feita por uma mulher não identificada de que a vice-presidente peruana, Dina Boluarte, deveria ser afastada primeiro.

“Há uma grande diferença, as pessoas estão conosco, estão com o Congresso, não estão com Castillo, estamos mil vezes acima”, acrescentou, referindo-se às preferências dos cidadãos que desde o ano passado mostraram grande insatisfação tanto com Executivo quanto com o Congresso, segundo pesquisas.

Alva, que é uma das mais notórias opositoras de Castillo, afirmou então que um grupo de constitucionalistas lhe disse que, se o governante fosse destituído, apenas eleições presidenciais deveriam ser convocadas e que a presidente da Comissão de Constituição, a fujimorista Patricia Juárez, já tinha um projeto nesse sentido.

“Se surgirem as circunstâncias, que eu tenha que assumir (a presidência peruana) e convocar (eleições) em seis ou oito meses, eu faço isso como presidente do Congresso, volto a ser congressista, nem fico, nem vou embora”, declara Alva no áudio vazado.

Na coletiva de imprensa desta sexta-feira, a presidente do Legislativo garantiu que “não havia um plano” para afastar Castillo e que estava apenas explicando o artigo 115 da Constituição, que indica que o presidente pode ser substituído por seu vice “por impedimento temporário ou permanente” e que, se ambos estiverem impedidos, o cargo é assumido pelo presidente do Congresso.

“Se o impedimento for permanente, o presidente do Congresso imediatamente convoca eleições”, completou.

Nesse sentido, Alva comentou nesta sexta-feira que, na época, considerava que o Congresso deveria permanecer até o final de seu mandato, em 2026, mas que agora acredita que, “caso ocorra algum problema”, teriam de ser convocadas eleições gerais.

“Se para Castillo sair todos nós tivermos que sair, nós vamos embora”, enfatizou, antes de destacar que as pesquisas confirmam que “as pessoas querem uma mudança” na classe política.

A presidente do Congresso também questionou o fato de seu áudio ter sido divulgado um dia após a publicação da transcrição de outro suposto áudio-bomba, que a oposição e a imprensa local vincularam a um suposto complô de corrupção no governo.

A imprensa peruana divulgou na quinta-feira uma transcrição na qual o empresário Zamir Villaverde, que está preso enquanto é investigado por corrupção, supostamente oferece suborno ao ex-ministro dos Transportes, Juan Silva, para obter a licitação para a construção de uma ponte.

Villaverde, que está colaborando com as autoridades na investigação do caso, envolveu o presidente Castillo em uma suposta conspiração de corrupção no atual Executivo, embora sem ter apresentado provas.

Castillo está sendo investigado preliminarmente por várias denúncias e o procurador-geral peruano, Pablo Sánchez, ordenou no domingo passado a ampliação das investigações pela suposta prática dos crimes de organização criminosa, tráfico de influência agravado e conluio agravado.

O advogado de Castillo, Benji Espinoza, pediu na terça-feira que seja declarada a “nulidade absoluta” dessas investigações e anunciou que, caso seu pedido não seja aceito, apresentará um pedido de “tutela de direitos”, por considerar que o governante goza de imunidade absoluta enquanto estiver no cargo.

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