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Mural em frente ao consulado iraniano em Milão, na Itália, mostra a personagem Marge Simpson com o cabelo cortado, uma referência aos protestos pela morte de Mahsa Amini
Mural em frente ao consulado iraniano em Milão, na Itália, mostra a personagem Marge Simpson com o cabelo cortado, uma referência aos protestos pela morte de Mahsa Amini| Foto: EFE/EPA/ANDREA FASANI

O Irã vive sua maior onda de manifestações desde o chamado Movimento Verde Iraniano, que contestava o resultado da eleição presidencial de 2009, na qual Mahmoud Ahmadinejad obteve a reeleição.

Os protestos deste ano são motivados pela morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos da cidade curda de Saqez que morreu há três semanas em Teerã após ser presa e agredida por policiais por “uso inadequado” do hijab, o véu islâmico.

Na repressão às manifestações, pelo menos 154 pessoas já foram mortas pelas forças de segurança, segundo a ONG Iran Human Rights, sediada na Noruega.

Como o fato motivador dessa indignação é a violência contra as vidas e a liberdade das mulheres, os protestos têm grande presença de adolescentes que buscam o fim da repressão contra a população feminina do Irã.

O slogan “Mulheres, vida, liberdade” tem sido entoado pelas jovens iranianas, e muitas estão tirando seus véus e ateando fogo neles, uma cena impensável alguns anos atrás, e cortando ou raspando seus cabelos (ato que tem sido repetido por mulheres em protestos em solidariedade ao redor do mundo).

Vídeos e fotos que viralizam na internet também ajudam a expor essa indignação. Duas imagens foram compartilhadas milhares de vezes nos últimos dias.

Uma foto mostra um grupo de estudantes sem véu numa escola feminina iraniana mostrando o dedo do meio para um quadro com imagens do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, e do aiatolá Khomeini, seu antecessor.

Além disso, um vídeo mostrou a reação de estudantes a um membro da Guarda Revolucionária Iraniana, enviado para falar em uma escola feminina: as meninas arrancaram seus véus e o impediram de falar, com gritos e palavras de ordem. Em alguns locais, os protestos das alunas têm levado à suspensão das aulas.

Num país em que a repressão às mulheres e a opiniões divergentes costuma ser fatal, a coragem dessas jovens deixa claro que a indignação atingiu um ponto em que mudanças podem se tornar obrigatórias para a sobrevivência do regime.

“Algumas noites atrás, vi perto da minha casa duas adolescentes que estavam indo para um dos protestos”, disse uma jornalista iraniana à revista americana Time, sob condição de anonimato.

“Uma disse à outra que a mãe não queria que ela saísse de casa porque temia pela vida da filha. ‘Que diferença faz, mãe? Do jeito que as coisas estão hoje, não sinto que estou vivendo, de qualquer maneira’, respondeu a garota.”

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