A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, aceitou durante discurso no último dia de convenção, nesta quinta-feira (22), a indicação do Partido Democrata para ser a candidata da legenda à presidência.
“Em nome de todos aqueles cuja história só poderia ser escrita na maior nação da Terra, eu aceito sua indicação para ser a presidente dos Estados Unidos”, disse Harris no principal momento da Convenção Nacional do Partido Democrata, que ocorreu no ginásio United Center, em Chicago, Illinois (EUA).
Antes de Kamala, apenas uma mulher havia recebido a indicação presidencial pelo Partido Democrata: a ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama Hillary Clinton, que perdeu a eleição para Donald Trump em 2016. Trump, representante do Partido Republicano, será o adversário de Kamala nas eleições de 5 de novembro.
Em seu discurso, transmitido ao vivo pelas principais redes de televisão dos EUA, Kamala contou sua história pessoal, criticou Trump e explicou suas principais propostas políticas.
A vice-presidente tornou-se candidata de uma forma incomum, porque, ao contrário dos candidatos anteriores, ela não passou por um processo de primárias.
As primárias do Partido Democrata foram vencidas pelo atual presidente americano, Joe Biden, que não teve adversários de peso, mas em 21 de julho, o presidente anunciou o encerramento sua campanha à reeleição depois de sofrer pressão dos próprios democratas após um desempenho péssimo durante o debate televisionado com Trump. Biden, então, pediu que o partido se unisse em torno de Kamala.
Defesa dos imigrantes ilegais
Durante seu discurso, Kamala defendeu que os EUA regularizem os mais de 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem atualmente em seu território e, ao mesmo tempo, consiga proteger a fronteira com o México.
“Acredito que podemos fazer justiça à nossa herança como uma nação de migrantes e reformar nosso sistema de imigração defeituoso”, disse a democrata.
Apesar de tal fala, Kamala também prometeu reviver e transformar permanentemente em lei um pacto de imigração polêmico e bipartidário que incluía as maiores restrições ao sistema de asilo em anos. Este pacto, diferente do que defendeu Kamala, não incluiu nenhum caminho para a legalização de migrantes que já estão nos EUA ou de pessoas que buscam migrar para o país.
“Recuso-me a fazer jogos políticos com nossa segurança, e aqui está meu compromisso: como presidente, trarei de volta o projeto de lei bipartidário de segurança na fronteira”, insistiu.
Kamala também observou em seu discurso que o pacto havia sido apoiado na época pelo sindicato da Patrulha de Fronteira e não fez nenhuma menção específica de como ele ofereceria às pessoas que vivem sem status legal um caminho para a cidadania plena.
A breve menção à gestão da migração no discurso de Kamala marca um afastamento da campanha de 2020 do atual presidente, Joe Biden, em que ele enfatizou suas diferenças com o ex-presidente Donald Trump nessa frente e prometeu “restaurar” o sistema de asilo do país.
Críticas a Trump
Kamala Harris classificou em seu discurso o ex-presidente Donald Trump como um homem “pouco sério” que trará consequências “graves” para o país se voltar à Casa Branca.
Se for vitorioso nas eleições de novembro, Trump usará os “enormes poderes da presidência” para beneficiar “a si mesmo”, disse a democrata. Kamala alegou ainda que Trump “tentou descartar o voto” dos americanos quando perdeu a eleição de 2020 e espalhou “teorias da conspiração” sobre fraude eleitoral.
A candidata democrata lembrou os vários processos judiciais que o republicano enfrentou e falou de algumas das propostas dele, como a concessão de incentivos fiscais para empresários.
“Sabemos como seria um segundo mandato de Trump”, disse Harris, que depois proclamou: “Não vamos recuar", seguida pelos apoiadores presentes à convenção.
Trump, que comentava ao vivo as declarações de Kamala em sua rede social Truth Social, escreveu em letras maiúsculas: “ELA ESTÁ FALANDO DE MIM?”.
Guerra no Oriente Médio e defesa de Israel
Em seu discurso, Kamala também classificou a situação na Faixa de Gaza como “devastadora” e “de partir o coração”, mas se comprometeu a defender Israel.
“Deixe-me ser clara: sempre defenderei o direito de Israel de se defender, e sempre garantirei que Israel tenha a capacidade de fazê-lo”, disse a democrata.
Kamala afirmou que o povo de Israel nunca mais deve enfrentar o “horror” que o grupo terrorista palestino Hamas infligiu durante seu massacre no dia 7 de outubro do ano passado e ressaltou que ela e o presidente dos EUA, Joe Biden, estão trabalhando “incansavelmente” para garantir a libertação dos reféns feitos naquele dia e um cessar-fogo em Gaza.
Ao apoiar Israel, Harris também falou sobre o a situação causada pela guerra de dez meses no enclave.
“Ao mesmo tempo, o que aconteceu em Gaza nos últimos dez meses é devastador. Muitas vidas inocentes foram perdidas. Pessoas desesperadas e famintas fugiram repetidas vezes em busca de segurança. A escala do sofrimento é de cortar o coração”, acrescentou.
“O presidente Biden e eu estamos trabalhando para acabar com essa guerra para que Israel esteja seguro, os reféns sejam libertados, o sofrimento em Gaza acabe e o povo palestino possa realizar seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação”, declarou.
O apoio do governo Biden e Harris a Israel se tornou um ponto de tensão na convenção do partido. Entre os delegados partidários eleitos nas primárias democratas, havia uma minoria de 30 pessoas, muitas delas usando kufiya (lenços de cabeça palestinos), que fizeram uma manifestação do lado de fora do ginásio onde o evento foi realizado.
Protestos contra a guerra em Gaza também foram realizados em ruas de Chicago ao longo desta semana.
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