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Maria Otone de Menezes, mãe de Jean Charles de Menezes, disse nesta segunda-feira (23) ainda não ter sido informada sobre o acordo com a polícia londrina para receber uma indenização. O acordo, que teria sido negociado na semana passada, põe fim ao caso do brasileiro, morto em 2005 em uma estação do metrô de Londres, vítima de erro policial.

"Eu não estou sabendo de nada. A gente está aqui levando a vida que sempre levou no campo. Para mim, isso está acabado", disse a mãe de Jean, que vive com o marido na zona rural de Gonzaga (MG). Segundo ela, um desentendimento fez com que a família tenha se afastado dos primos do brasileiro que vivem em Londres e acompanhavam o processo.

"No momento, a gente não tem contato com nenhum deles. Eu não sei de nada. Para mim está tudo parado", disse Maria Otone, que esteve duas vezes em Londres para acompanhar o julgamento dos policiais que atiraram contra o filho, um eletricista de 27 anos, que foi confundido com o terrorista etíope Hussain Osman, em 22 de julho de 2005.

"A gente sofreu demais com tudo que passou. Eu acompanhei 45 dias na Corte de lá e pensei que íamos ganhar a causa, que alguém ia ser preso e, infelizmente, não. Acabou que ninguém foi preso, processado, ninguém teve culpa de nada. Quem perdeu fomos nós mesmo", disse, por telefone, ao site G1.

Questionada se a indenização - que segundo o tabloide britânico "Daily Mail" seria de apenas um terço das 300 mil libras esterlinas (pouco mais de R$ 860 mil) sugeridas pelos advogados da família – seria justa, Dona Maria Otone desconversa.

"É, ajudaria [a família], mas sabe quando você prefere não repetir as coisas para não sofrer tanto? Eu estou acostumada com as coisas da vida", disse.

Segundo o "Mail", o valor da indenização, que não foi confirmado oficialmente, seria baixo porque a família Menezes é "pobre" e "não poderia esperar muito apoio financeiro" do eletricista. Também pesou o fato de que ele era solteiro e não tinha filhos, afirmou o jornal.

Até agora, a única ajuda que a família recebeu da Scotland Yard foi o valor de US$ 15 mil para custear o envio do corpo de Jean Charles para sua cidade natal, Gonzaga (MG).

O crime ocorreu duas semanas depois dos atentados de 7 de julho de 2005 em Londres. Cerca de 30 horas depois da morte do brasileiro, seu verdadeiro nome e nacionalidade foram divulgados pelas autoridades britânicas, que admitiram que o eletricista não carregava explosivos.

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