
Enquanto a atenção da mídia internacional está voltada para a possibilidade de um conflito na Ucrânia envolvendo tropas da Rússia, moradores de Kiev se concentram principalmente no noticiário econômico. O clima de instabilidade política que emergiu na cidade há alguns meses com as manifestações populares é mais ameno hoje, se comparado com outras regiões do leste do país, por exemplo. Mas o fraco desempenho da economia e a falta de perspectivas no mercado de trabalho se transformaram em grandes preocupações na capital.
Um dos principais problemas é a desvalorização da moeda nacional, a grívnia. Em janeiro, o dólar era cotado a 8 grívnias e este mês chegou a 11 grívnias, segundo dados do Banco Central do país. A desvalorização tem reflexos, entre outras coisas, nos salários. Viktoriia Mikhailovna trabalha como editora e tradutora em uma emissora de televisão e recebe um salário de 8 000 grívnias. Tal valor em janeiro correspondia a US$ 1.000, mas hoje equivale a pouco mais de US$ 700. "Estou há dois meses sem receber, eles (empregadores) nos dizem que não têm dinheiro", relata.
As dificuldades financeiras têm gerado demissões e provocado uma sensação de insegurança. Para o fotojornalista Nikiforov Eugene, que participou da cobertura dos protestos na Praça da Independência, "a revolução afetou negativamente o bem estar dos ucranianos comuns". Muitos de seus amigos têm considerado deixar a capital por conta das demissões e da dificuldade de encontrar trabalho. A taxa de desemprego no país em fevereiro era de 7,5% segundo o Banco Mundial.
O comércio foi obrigado a se adaptar às novas condições. Lojas no centro de Kiev, local que há alguns meses foi cenário de batalha entre policiais e manifestantes, fecharam as portas, não tanto pelo temor da violência, mas pelo alto preço dos aluguéis e pelo varejo fortemente prejudicado.
11 grívnias, para cada dólar é a cotação atual da moeda ucraniana. Desde janeiro a moeda dos ucranianos vem se desvalorizando. No início do ano, 8 grívnias compravam um dólar.



