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Ativista pró-russo em Kiev: Muito além dos confrontos, o problema real dos ucranianos está na economia | Yevgeny Volokin/Reuters
Ativista pró-russo em Kiev: Muito além dos confrontos, o problema real dos ucranianos está na economia| Foto: Yevgeny Volokin/Reuters

Participação

Esperança de renovação política faz jovens permanecerem na capital

Agência Estado

Apesar dos desafios do mercado, a possibilidade de uma renovação política tem feito com que muitos ucranianos permaneçam na capital, especialmente os jovens. Para o fotojornalista Nikiforov Eugene, a expectativa de uma maior participação popular na política e da eleição de representantes mais honestos cria esperança de que a economia e o bem-estar da população possam ser recuperados em breve.

Como Eugene, muitos jovens de Kiev passaram a ter um envolvimento inédito na vida política. É o caso de Alina Zinkovskaya, que durante os protestos temia sair na rua por medo da violência e hoje trabalha na plataforma de um dos candidatos à Presidência. "Somos uma grande nação e acreditamos em no futuro", diz.

A visão otimista, porém, não é unânime. Ucranianos mais engajados com questões ideológicas avaliam o atual momento com cautela e indicam a necessidade de haver uma preparação para um cenário mais difícil, o que inclui o alistamento no exército. Igor Krashenyi é PhD em Engenharia Biomédica e também atua na área militar. Para ele, os jovens hoje "esperam pela paz e se preparam para a guerra".

7,5% era a taxa de desemprego no país em fevereiro segundo o Banco Mundial.

Enquanto a atenção da mídia internacional está voltada para a possibilidade de um conflito na Ucrânia envolvendo tropas da Rússia, moradores de Kiev se concentram principalmente no noticiário econômico. O clima de instabilidade política que emergiu na cidade há alguns meses com as manifestações populares é mais ameno hoje, se comparado com outras regiões do leste do país, por exemplo. Mas o fraco desempenho da economia e a falta de perspectivas no mercado de trabalho se transformaram em grandes preocupações na capital.

Um dos principais problemas é a desvalorização da moeda nacional, a grívnia. Em janeiro, o dólar era cotado a 8 grívnias e este mês chegou a 11 grívnias, segundo dados do Banco Central do país. A desvalorização tem reflexos, entre outras coisas, nos salários. Viktoriia Mikhailovna trabalha como editora e tradutora em uma emissora de televisão e recebe um salário de 8 000 grívnias. Tal valor em janeiro correspondia a US$ 1.000, mas hoje equivale a pouco mais de US$ 700. "Estou há dois meses sem receber, eles (empregadores) nos dizem que não têm dinheiro", relata.

As dificuldades financeiras têm gerado demissões e provocado uma sensação de insegurança. Para o fotojornalista Nikiforov Eugene, que participou da cobertura dos protestos na Praça da Independência, "a revolução afetou negativamente o bem estar dos ucranianos comuns". Muitos de seus amigos têm considerado deixar a capital por conta das demissões e da dificuldade de encontrar trabalho. A taxa de desemprego no país em fevereiro era de 7,5% segundo o Banco Mundial.

O comércio foi obrigado a se adaptar às novas condições. Lojas no centro de Kiev, local que há alguns meses foi cenário de batalha entre policiais e manifestantes, fecharam as portas, não tanto pelo temor da violência, mas pelo alto preço dos aluguéis e pelo varejo fortemente prejudicado.

11 grívnias, para cada dólar é a cotação atual da moeda ucraniana. Desde janeiro a moeda dos ucranianos vem se desvalorizando. No início do ano, 8 grívnias compravam um dólar.

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