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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, se encontraram em Genebra nesta sexta-feira
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, se encontraram em Genebra nesta sexta-feira| Foto: EFE/EPA/MARTIAL TREZZINI

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, enfatizou nesta sexta-feira (21) que a Rússia ainda tem a opção de escolher o caminho da diplomacia no que diz respeito às tensões envolvendo a Ucrânia, mas que se escolher o conflito, “haverá sérias consequências e condenação internacional”.

“Os Estados Unidos e a Europa estão prontos para se encontrar com a Rússia em qualquer um destes dois caminhos”, advertiu Blinken em entrevista coletiva após se reunir em Genebra, na Suíça, com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.

“Ouvimos (Lavrov) repetir que eles (russos) não têm intenção de invadir a Ucrânia, mas há coisas que todos nós vemos, então eu lhe disse que, para convencer o mundo, poderiam chamar de volta os militares que colocaram na fronteira e permanecer comprometidos com a via diplomática, como fizeram hoje”, acrescentou.

O secretário de Estado considerou contraditório que a Rússia defenda sua vontade de resolver as tensões sobre a Ucrânia através da diplomacia, mas ao mesmo tempo continue a fortalecer sua presença militar na fronteira com a Ucrânia.

A reunião de 90 minutos no Hotel Wilson, em Genebra, foi “franca e substancial”, disse Blinken, que reiterou a Lavrov que os EUA e seus aliados considerariam qualquer incursão das tropas russas em território ucraniano como uma “invasão”.

Tal ação seria respondida de forma “rápida, enérgica e unificada” pelos EUA e pela Otan, a aliança militar do Ocidente, enfatizou.

Junto com os aliados europeus, os Estados Unidos “estão empenhados em buscar espaço para a diplomacia e o diálogo”, mas também serão “firmes em garantir que haverá consequências significativas” se a Rússia optar por uma ação militar, ainda segundo Blinken. Ele lembrou que a Rússia “tem uma longa história de agressão”, incluindo ciberataques.

O chefe da diplomacia americana assegurou, por outro lado, que os EUA ouviram na reunião desta sexta-feira, como nas semanas anteriores, as preocupações de segurança da Rússia “e estão preparados para atendê-las com um espírito de reciprocidade”. A reunião “foi mais uma troca de pontos de preocupação do que uma negociação”, enfatizou.

Com relação à exigência da Rússia de que a Otan se comprometa a nunca aceitar a adesão da Ucrânia, Blinken insistiu que “o povo ucraniano é quem deve escrever seu futuro e não há espaço para discussão a respeito”.

Embora Blinken tenha admitido que pouco progresso foi feito no diálogo desta sexta, ele disse que “Lavrov agora tem uma melhor compreensão de nossa posição e vice-versa”.

Respostas por escrito

Por sua vez, Lavrov afirmou que Blinken prometeu a ele que a Rússia receberá as respostas por escrito que exigiu para suas propostas sobre o congelamento da expansão da Otan no leste europeu na próxima semana.

A Rússia esperava que os EUA apresentassem em Genebra essas respostas, que ela considera uma garantia formal a suas reivindicações em meio às tensões envolvendo uma possível entrada da Ucrânia na Otan.

Até agora, as respostas foram verbais, mas a delegação americana tentou enfatizar durante a reunião “os problemas na fronteira russo-ucraniana, tentando condicionar o restante à necessidade da chamada desescalada” nas tensões.

O chanceler russo disse que, após obter as respostas por escrito e elas serem examinadas pelo governo, a Rússia vai decidir o melhor caminho a seguir.

Ele acrescentou que o presidente do país, Vladimir Putin, já indicou que está sempre disposto a se encontrar novamente com o presidente americano, Joe Biden, mas Lavrov enfatizou que, para que isso ocorra, “todos nós entendemos quais teriam que ser os resultados”.

Putin e Biden se encontraram pela primeira vez como líderes em Genebra em junho do ano passado, quando concordaram em promover um diálogo estratégico para chegar a acordos que evitassem uma corrida armamentista ampla.

Lavrov também declarou após a reunião que reiterou ao chefe da diplomacia americana que a Rússia não tem intenção de atacar a Ucrânia e que a instabilidade vivida pelo país vizinho não é resultado de ações russas, mas de seus próprios problemas internos.

“Não ouvi hoje nenhum argumento que sustente a posição dos EUA sobre o que está acontecendo na fronteira russo-ucraniana. Apenas preocupação, preocupação e preocupação, mas nossa preocupação é com fatos reais que ninguém está escondendo: o fornecimento de armas para a Ucrânia, o envio de centenas de instrutores militares ocidentais”, disse Lavrov.

O chanceler russo também criticou a intenção da União Europeia de criar uma missão de treinamento militar na Ucrânia. “Esta já é uma interessante guinada nas ambições da UE”, afirmou.

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