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Policiais e cidadãos venezuelanos se protegem em meio a tiroteios em Caracas, 8 de julho
Policiais e cidadãos venezuelanos se protegem em meio a tiroteios em Caracas, 8 de julho| Foto: Reprodução / Twitter / Juan Guaidó

Um confronto violento entre gangues armadas e forças de segurança que teve início na quarta-feira (8) em Caracas, Venezuela, já deixou pelo menos oito mortos, incluindo três policiais e três pessoas que não tinham relação com o confronto, e 15 feridos, segundo relatos da imprensa venezuelana. Na tarde desta quinta-feira, os criminosos atacaram a sede do Comando Geral da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) na capital do país.

No mesmo dia, a polícia venezuelana iniciou uma grande operação em várias comunidades de Caracas (bairros Cota 905, La Vega, Santa Rosalía, El Paraíso, San Juan e El Valle) contra as gangues armadas, que estão disparando contra alvos indefinidos e impedindo a circulação de cidadãos desde a tarde de quarta. Os tiroteios continuaram na madrugada desta sexta-feira (9).

"O Estado, cumprindo com as suas funções constitucionais, decidiu realizar uma operação com os organismos de Segurança Cidadã para restaurar a paz e a tranquilidade das comunidades do sul e oeste da cidade de Caracas", disse nesta noite a ministra do Interior, Carmen Meléndez, em sua conta no Twitter, sem dar detalhes de quantos policiais foram enviados ou quantas pessoas já morreram nos dois dias consecutivos de tiroteios que começaram na região do bairro Cota 905.

Meléndez acusou ainda a "direita" de financiar os grupos criminosos. "A essas alturas, não há dúvidas da cumplicidade direta, financiamento e colaboração, com o planejamento, fornecimento de armas, apoio de comunicação, por parte de setores da direita venezuelana, com cumplicidade internacional", disse pelo Twitter.

A oposição acusa a ditadura de Nicolás Maduro de armar as gangues criminosas e de ser responsável pelo descontrole da situação.

Apesar da falta de informações oficiais, vários vídeos têm circulado nas redes sociais desde ontem, nos quais constantes rajadas de tiros podem ser vistas e ouvidas sem que se saiba ainda as razões dos disparos.

Quase paralelamente ao início do tiroteio, o ditador Nicolás Maduro liderou um ato no qual renovou a cúpula militar do país.

No entanto, nem o ditador e nenhum dos ministros encarregados de segurança haviam falado sobre a situação até esta quinta-feira, apesar de muitos cidadãos terem expressado medo de voltar para suas casas ou de trabalhar na região.

Os tiroteios na Cota 905 têm assustado os moradores das regiões próximas e há relatos de edifícios que foram atingidos por projéteis de armas de fogo. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, é possível ver três pessoas levando um menino com um ferimento na cabeça. Até o momento, não se sabe qual é o estado dessa criança.

Desde a tarde de quarta-feira, circulam imagens nas redes sociais que mostram pessoas se escondendo dos tiros em algumas ruas, além de uma série de veículos que ficaram presos em um túnel da principal rodovia da cidade, a Gran Cacique Guaicaipuro, em meio aos disparos.

Membros dessas gangues também interrompem o trânsito em áreas comerciais como Bulevar Cesár Rengifo, localizada no setor El Cementerio, em Santa Rosalía, obrigando os cidadãos a se retirarem.

Quando anoiteceu na capital venezuelana, a luz foi cortada na Cota 905 e em parte de outro bairro, segundo relatos nas redes sociais. Mesmo na escuridão e após mais de 30 horas de confrontos, rajadas incessantes de tiros ainda são ouvidas na região nesta noite, de acordo com vídeos postados nas redes.

Veículos blindados estão posicionados desde cedo nas ruas de El Paraíso, uma área de classe média vizinha à Cota 905.

Moradores dos bairros vizinhos organizaram nesta tarde panelaços nas ruas da cidade, apesar do perigo, para exigir o fim das hostilidades.

Um policial disse à AFP que os criminosos "têm armas modernas" e que está esperando o "sinal verde para limpar tudo isso de uma vez".

Ataque à Guarda Nacional Bolivariana

O ataque à sede do Comando Geral da GNB foi gravado em vídeo do interior da sede do corpo militar encarregado da ordem pública. As imagens mostram várias pessoas uniformizadas escondidas atrás de barricadas enquanto dezenas de disparos de armas de fogo são ouvidos, relatou o Infobae, que diz que o ataque foi feito pela gangue liderada por Carlos Luis Revete, conhecido como "Koki".

As autoridades chavistas ofereceram recompensa de US$ 500 mil pela captura de Koki e outros dois membros de gangues: Garbis Ochoa Ruíz (El Galvis) e Carlos Calderón Martínez (El Vampi).

"Zona de guerra"

Pouco antes do pronunciamento de Meléndez, o líder opositor Juan Guaidó questionou a ausência do Estado nessas áreas. "Hoje Caracas amanhece novamente como uma zona de guerra, contabiliza feridos e mortos, com o medo de nosso povo de sair de casa pela ação impune de gangues armadas", lamentou Guaidó no Twitter.

Guaidó culpou a ditadura chavista pela falta de controle da situação em Caracas. "Essas gangues foram armadas e justificadas pela ditadura como 'zonas de paz' para o controle social. Hoje são descontrole total que põe em risco a vida de todos e reflete o sequestro e a ausência do Estado na vida cotidiana", afirmou.

O opositor também questionou a atuação das forças armadas frente a esta situação de violência que atinge essas áreas de Caracas há meses, com alguns dias mais intensos que outros.

"As forças armadas continuarão em desfiles e exibições ou exercerão o papel que lhes corresponde? Continuarão entregando territórios e defendendo criminosos ou exercerão soberania e farão cumprir a Constituição?", questionou Guaidó.

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