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Brasília – O presidente da Bolívia, Evo Morales, não conseguiu o que queria – o aumento do preço do gás natural fornecido à Petrobrás dos atuais US$ 4,3 para US$ 5. O governo brasileiro ampliou e vinculou a discussão sobre a questão do gás ao financiamento e a novos investimentos, além de firmar acordos de cooperação em prol de um "novo relacionamento com a Bolívia".

Até o fim da noite de ontem a tendência era de Morales retornar para La Paz com apenas um "regalo" (agrado, presente) do governo brasileiro no delicado imbróglio do gás. O governo brasileiro interferiu em favor da elevação do preço de uma parcela mínima de gás natural fornecida pela boliviana Andina à usina TermoCuiabá, de US$ 1,09 para US$ 4,20 por milhão de BTU, conforme nota divulgada no início da noite, pelo ministério de hidrocarbonetos da Bolívia. A Andina fornece até 2,8 mil metros cúbicos de gás por dia à TermoCuiabá, um décimo do que a Petrobrás compra da estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB).

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Morales chegaram a tocar na questão do pleito boliviano de aumento do preço do gás fornecido pela YPFB à Petrobrás. Mas indicou que Lula colocou o tema na órbita técnica e empresarial e preferiu tratar com Morales de uma agenda em torno desse insumo, que envolveria os investimentos brasileiros na construção de um pólo gás-químico na fronteira entre os dois países e no aumento da produção da Petrobrás na Bolívia, assim como em linhas de financiamento para tais projetos. Nenhum desses projetos é novidade.

Trata-se de planos da Petrobrás e de companhias privadas brasileiras suspensos depois do anúncio da nacionalização do setor de gás e petróleo por Morales, com a ocupação militar das refinarias da Petrobrás na Bolívia, em maio de 2006.

Atropelos

Uma tempestade postergou em pelo menos cinco horas a chegada da maior parte de sua delegação de ministros, que havia embarcado em La Paz em um segundo avião. Diante do Palácio do Planalto, as chuvas o impediram de seguir o protocolo reservado às visitas de Estado. Morales não passou as tropas em revista, não subiu a famosa rampa nem ouviu os hinos dos dois países nem os tiros de canhões ao lado do presidente Lula. Ingressou pela porta lateral.

O atraso de sua delegação causou ainda constrangimentos.

Com o atraso no avião de integrantes da comitiva boliviana foi suspensa a visita que Morales faria ao Congresso Naciona. A assinatura dos 11 acordos atrasou em sete horas, depois de dois adiamentos, e acabou ocorrendo à noite.

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