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Em uma terça-feira, um dia como outro qualquer, dois homens deixam o escritório conversando amenidades e entram no mesmo veículo. Atravessam uma das passagens do muro de mais de 600 quilômetros que divide Israel da Cisjordânia e vão se encontrar com cerca de 30 palestinos em um posto de gasolina de uma estrada no meio do deserto. Logo nas primeiras conversas, o principal tema vem à tona.

A cena não faz parte de filme algum e muito menos de uma conspiração contra Israel ou o governo da Palestina. O encontro nada mais é que uma reunião de uma empresa que prova ser possível israelenses e palestinos coexistirem.

"Normalmente, nós fazemos as reuniões através de uma videoconferência ou MSN ou Skype, mas às vezes, quando precisamos, nos encontramos em um posto de gasolina, entre Jericó e Jerusalém, onde as duas equipes podem se encontrar sem encrencas", afirma ao G1 Montasser Abdellatif, gerente de marketing e comunicações da G.hos.t, uma empresa de alta tecnologia presidida e criada por um israelense, Zvi Schreiber.

A empresa faz a chamada ‘computação nas nuvens’ e é através do ar que consegue quebrar, ao menos virtualmente, o muro levantado pelo governo israelense que separa o país da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Hoje, a G.hos.t tem 35 funcionários, sendo três israelenses e os demais palestinos.

Como é complicado e burocrático fazer com quem um palestino consiga entrar em território israelense por questões de segurança, quando as duas partes precisam ter um encontro ‘ao vivo’, é mais fácil fazer toda uma cena cinematográfica e marcar o encontro em um posto de gasolina no meio do deserto. Os israelenses saem de Moddin, e os palestinos, de Ramallah.

"Nós somos um real exemplo de paz, que colaboram entre si mesmo com um muro de 400 milhas (cerca de 640 quilômetros). Esperamos que o setor de tecnologia possa colaborar com progressos na região e ser um dos pilares para a economia palestina", completa ele.

No último dia 14, eles tiveram a possibilidade de participar de um evento colado ao muro juntamente com Tony Blair, ex-premiê britânico e hoje representante do Quarteto de Madri para o Oriente Médio (formado por ONU, EUA, Rússia e União Europeia). O slogan, claro, combinou exatamente com a filosofia da empreas: "No walls" (sem barreiras/muros, em livre tradução do inglês).

A questão palestina, porém, não é assunto quando estão todos reunidos. No momento para falar de negócios, não se comenta sobre a política na região, se Israel está certo em manter o muro ou se os palestinos estão sofrendo restrições econômicas. "Durante as reuniões, não falamos sobre o conflito. Mas, individualmente, se eles querem falar sobre o tema, nós conversamos", conta o presidente Schreiber.

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