O número de mortos no acidente ocorrido na última terça-feira em uma mina de carvão na Turquia subiu para 301, reforçando o título de acidente mais mortal do gênero na história do país. O ministro da Energia da Turquia Taner Yildiz anunciou o número final de mortos após as equipes de resgate terem recuperado os corpos de mais dois mineiros. "A operação de resgate foi concluída. Não há mais mineiros no subsolo", disse a repórteres na cidade de Soma.
Outros 485 mineiros escaparam ou foram resgatados após a explosão na mina.
Empregados da Soma Holding, empresa que explora a mina, acusam a mineradora de negligência, enquanto funcionários do governo e da mineradora têm insistido que o desastre não é resultado de negligência e que a mina foi inspecionada regularmente.
"A empresa é culpada", disse o mineiro Erdal Bicak, que decidiu não voltar a trabalhar em qualquer mina novamente. Ele contou que tinha acabado de terminar seu turno de terça-feira e estava se encaminhando para deixar a mina quando gerentes ordenaram que ele evacuasse por causa de um problema na mina de carvão. Segundo Bicak, trabalhadores se reuniram em uma área para rapidamente colocar máscaras de gás.
O mineiro também disse que os gerentes tinham equipamentos que medem os níveis de gás metano. "Os novos níveis de gás ficaram muito altos e eles não nos disseram a tempo", disse. Bicak afirmou, ainda, que os inspetores de segurança do governo nunca visitaram o patamares inferiores da mina e não tinham ideia das más condições dos trabalhadores no subterrâneo.
O gerente de operações da mina Soma, Akin Celik, disse que a espessa fumaça do incêndio subterrâneo matou mineiros que não usavam máscaras de gás. Altos níveis de dióxido de carbono e monóxido de carbono também eram um problema para as equipes que trabalhavam no resgate das vítimas.
O jornal Milliyet informou neste sábado sobre um relatório preliminar feito por um especialista em segurança de minas que entrou na Soma. O documento sugere que a combustão do carvão teria causado o colapso do teto da mina. O relatório diz que vigas de suporte do túnel eram feitas de madeira, não de metal, e que não havia sensores de monóxido de carbono suficientes.
O desastre levou a uma onda de revolta popular na Turquia, alimentada pelas acusações de negligência por parte dos operadores da mina, para a resposta do governo, considerada fraca.
A polícia reprimiu os protestos com gás lacrimogêneo, jatos d'água e disparos de bala de borracha contra os manifestantes em lugares como Soma, Esmirna, Istambul e Ancara.
A imprensa turca informa hoje que vários manifestantes foram feridos e alguns detidos nos operações da polícia.
Além disso, vários jornalistas, sobretudo repórteres fotográficos, foram atacados pelos policiais, informou a associação turca de fotógrafos de imprensa.
Em Istambul, grupos de estudantes ocuparam as faculdades de mineração em duas universidades e exigiram que os responsáveis pela empresa "Soma Holding" sejam levados à Justiça.
Um jornal turco, por sua vez, garantiu hoje que cerca de 100 sírios trabalhavam ilegalmente na mina no momento do acidente e que seus corpos foram enterrados no interior da mesma durante o resgate.
O ministro Yildiz negou hoje essas informações, veiculadas pelo jornal "Habertürk", e afirmou que as mesmas não passam de "especulações sem fundamento".
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