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Dois dos mais destrutivos desastres naturais do ano passado - separados por 2.414 quilômetros - estão intimamente ligados ao mesmo evento meteorológico, segundo um novo estudo da Nasa. O grande fenômeno atende por Onda de Rossby. As catástrofes que desencadeou foram o calor extremo e persistentes incêndios florestais na Rússia, assim como ventos incomuns e mudança no regime de chuvas do Paquistão.

Embora o calor russo tenha começado antes das enchentes asiáticas, ambos os eventos atingiram força máxima aproximadamente ao mesmo tempo. A conclusão veio a partir de informações obtidas por satélites da agência espacial americana, capazes de medir a temperatura da superfície do planeta, assim como a intensidade das precipitações.

A atmosfera, gasosa e transparente, pode não parecer fluida, mas é precisamente assim que esta fina camada, que envolve o planeta, se comporta. Enquanto a Terra gira em seu eixo, enormes rios de ar - chamados pelos cientistas de Ondas de Rossby - serpenteiam ao redor do globo rumo ao oeste. No centro delas formam-se correntes de jato. Tratam-se de colunas de ar que se movem rapidamente e empurram fenômenos climáticos do oeste para o leste.

Estas ondas não são uniformes. Áreas de baixa pressão normalmente se desenvolvem em suas calhas, enquanto áreas de alta pressão formam-se em seus cumes. Parcelas de ar quente dos trópicos e de ar frio dos polos giram ao redor das partes de baixa e alta pressão das ondas. Criam, assim, um sistema complexo de frentes quentes e frias, que encontram-se e interagem constantemente. As colisões entre elas produzem chuvas.

Em condições normais vistas no verão, a corrente de jato empurra uma frente climática pela Europa em quatro ou cinco dias. Algo inusitado, porém, ocorreu em julho do ano passado.

Um sistema de grande escala e estagnado - conhecido como evento Ômega - desenvolveu-se ao longo de uma crista de alta pressão sobre o oeste da Rússia. Este bloqueio dividiu a corrente de jato e desacelerou a Onda de Rossby, evitando o progresso dos sistemas climáticos normais do oeste para o leste.

Como resultado, uma grande região de alta pressão formou-se sobre a Rússia, prendendo uma massa de ar quente e seca.

O bloqueio criou um padrão de vento diferente sobre o Paquistão. Áreas de baixa pressão formaram-se na frente da Onda de Rossby, em resposta à ida do ar frio e seco para baixas latitudes.

- Com os dados de satélite da Nasa e as análises do vento, podemos ver claramente a conexão entre esses dois eventos - explica William Lau, que, junto à Kyu Myong Kim, assina o estudo, publicado no "Journal of Hydrometeorology". - Pense na atmosfera como uma membrana solta. Se você empurrar uma parte para cima, algo terá que cair para outro lugar. Se você produz uma alta em uma região, provocará uma baixa correspondente em outra área.

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