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Megaprotesto, estimado em mais de 250 mil pessoas, tomou a praça Tahrir (praça Libertação), no centro do Cairo, para pedir a saída do presidente Hosni Mubarak, que está no poder há 30 anos | Suhaib Salem / Reuters
Megaprotesto, estimado em mais de 250 mil pessoas, tomou a praça Tahrir (praça Libertação), no centro do Cairo, para pedir a saída do presidente Hosni Mubarak, que está no poder há 30 anos| Foto: Suhaib Salem / Reuters
  • Veja que a revolta popular cresce em outros países árabes

Cairo - Após a maior manifestação até aqui pela queda de Hosni Muba­­rak, 82 anos, o ditador egípcio foi ontem à tevê anunciar que não será candidato à reeleição. Pro­­meteu antecipar o pleito, previsto para setembro.

Sob forte pressão interna e externa durante oito dias de re­­volta popular, Mubarak disse que não se candidatará a mais um mandato nas próximas eleições presidenciais. "Trabalharei os últimos me­­ses do atual mandato para completar os passos necessários a uma transferência pacífica de poder’’, disse o ditador em discurso na televisão. "Essa querida nação é onde eu vivi, lutei e de­­fendi seu solo, sua soberania e seus interesses. E neste solo morrerei. A história vai me julgar.’’

O anúncio foi comemorado pela multidão na praça Tahrir. Ao mesmo tempo, houve gritos de "saia!’’, indicando que o anúncio pode não aplacar a revolta.

Mubarak comanda o país com mão de ferro desde o golpe cometido em 1981. As bases de seu regime, secular mas autoritário, ficaram estremecidas após muitos egípcios se inspirarem na revolta popular que depôs o ditador da Tunísia, Zine el Abidine Ben Ali, no mês passado.

O anúncio foi elogiado pelos EUA, que encaram Mubarak co­­mo um de seus principais aliados no Oriente Médio, mas recuaram do apoio ao ditador diante da inesperada revolta.

Dúvidas

A maioria das pessoas consultadas pela reportagem expressou dúvidas sobre a sinceridade do anúncio e disse que o ditador deveria renunciar ao cargo imediatamente.

"Mubarak nos mente há 30 anos. Já basta! Quero que ele vá embora agora’’, disse o escritor Khaled Suleiman, 48 anos.

Sentado numa calçada em Tahrir após um dia protestando de pé, o desempregado Hicham Faris, 49 anos, afirmou que Mu­­barak está blefando: "Ele jogou uma carta na mesa, mas nós venceremos’’.

A visão de Suleiman, aprovada pelas pessoas na volta dele, é a de que os EUA e Israel estão por trás da manobra e o objetivo é dar tempo para que os americanos e israelenses preparem um sucessor que lhes convenha.

A professora de ensino fundamental Mo­­na Fahir, 24 anos, disse que a saída de Mubarak não é suficiente. "É preciso mudar o sistema inteiro, reformar todas as instituições políticas.’’

A maioria dos manifestantes diz que as ações continuarão e que na sexta-feira haverá outro megaprotesto. Há relatos de que poderá ocorrer marcha pacífica até a embaixada dos EUA para exigir o fim do apoio do país ao ditador.

Contrariando a opinião do­­mi­­nante, a psiquiatra Radwa Said ben Abdellah, disse que Muba­­rak atendeu às demandas populares e por isso os protestos deveriam parar.

"Essa baderna paralisou o turismo e custou bilhões de dólares à nossa economia. As pessoas serão estúpidas se continuarem protestando.’’

Pela manhã, Tahrir foi tomada por uma maré humana que passou o dia gritando palavras de ordem como "Caia fora, Mu­­ba­­rak’’ e "Mubarak, o povo quer mu­­dar o sistema’’. Fantoches do ditador foram pendurados em postes e cartazes com o seu rosto foram pintados com suásticas e com bandeiras de Israel.

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