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Sobreviventes do terremoto assistem televisão num abrigo temporário após perderem suas casas, em Concepción | Jose Luis Saavedra/Reuters
Sobreviventes do terremoto assistem televisão num abrigo temporário após perderem suas casas, em Concepción| Foto: Jose Luis Saavedra/Reuters

Obsessivo e pragmático, novo presidente é um rico empresário

O centro direitista Sebastián Piñera, 60 anos, tem fama de ser um homem de sucesso nos negócios. É dono de uma das maiores fortunas do Chile, avaliada em US$ 2 bilhões.

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Direto do Chile

Onde propina é bom

Célio Martins, enviado especial

Quando se fala em propina no Brasil, logo vem a ideia de corrupção. Paga-se propina para conseguir vantagens nos serviços públicos e privados. A malandragem fez com que o sentido original da palavra fosse corrompido. Nos dicionários de língua portuguesa a definção de propina é clara: gratificação extra por serviço normal prestado a alguém, gorjeta. Aqui no Chile, como nos outros países de língua espanhola, acho que para o bem, a palavra manteve seu significado primeiro. Dá-se propina ao garçom, ao taxista e ao atendente do hotel.

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  • Entenda o impacto do terremoto sobre a economia chilena

Quando o milionário Sebastián Piñera vestir a faixa presidencial, hoje, em Valparaíso, o Chile en­­cerrará 20 anos de governo da Con­­certación. A coalizão de centro esquerda comandou o país desde o fim da ditadura militar, em 1990. A mudança de rumo po­­lítico seria suficiente para preocupar a nova equipe do Palácio de La Moneda, mas a tragédia do terremoto e do tsunami do último dia 27 acrescentou desafios inesperados.

Diante do desastre, Piñera asume com o dilema de atender às ne­­cessidades emergenciais, de­­correntes do abalo sísmico, e as promesas de campanha. Asses­­sores do presidente admitem que essa será uma das grandes dificuldades do novo governo.

Em pelo menos um ponto mui­­tos analistas concordam: Piñera terá de fazer alterações radicais no seu programa. O professor Cris­­tián Gazmuri, da Faculdade de His­­tória e Ciências Políticas da Uni­­versidade Católica do Chile, disse à Gazeta do Povo que as alterações no plano de governo são im­­prescindíveis. Gazmuri, no en­­tan­­to, avalia que os problemas fi­­nan­­ceiros do novo governo se­­rão me­­nores do que estão apregoando.

"O preço do cobre no mercado internacional está muito alto. O problema para o presidente será tempo. O inverno está próximo e milhares de pessoas estão sem ca­­sa, sem móveis e alimentos", diz o historiador ao acrescentar que sem respostas eficientes o governo pode sofrer um grande desgaste logo no início do mandato.

Independentemente das vantagens do alto preço do cobre, que representa 15% do Produto In­­terno Bruto (PIB) chileno, o rombo provocado pelo terremoto deverá causar impacto no desempenho das políticas econômicas e sociais do país.

Danos

A nova equipe estima em US$ 30 bilhões o custo da reconstrução. Há ainda previsão de queda das exportações, o que provocará re­­dução nas projeções de crescimento da economía.

Além das dificuldades impostas pela nova realidade após o terremoto, Piñera toma posse na sombra de uma presidente, Mi­­chelle Bachelet, que termina o mandato com 84% de aprovação. E terá minoria na Câmara e no Senado.

O presidente eleito tem feito seguidos apelos por um governo de união nacional, mas o apoio da oposição deve durar somente até passar os efeitos trágicos do tremor. Pelo menos é essa a avaliação de políticos e especialistas. "Não dura mais que dois ou três meses", calcula Gazmuri.

Oportunidade

A nova oposição, em que pese a manifestação aparente de apoio, vê uma oportunidade para retomar temas deixados de lado. "Esta é uma oportunidade para fazermos um conjunto de coisas que nós adiamos durante muito tempo, simplesmente porque a ur­­gência era governar, e esta foi uma boa razão", diz o economista democrata-cristão Oscar Lander­­retche.

O jogo político, entretando, deverá influenciar pouco nas di­­retrizes tomadas pelo país nos úl­­timos anos. "A Concertación sem­­pre se elegeu com uma plantaforma de esquerda, mas fez governos liberais, de centro direita. Essa prática será mantida por Piñera", aposta o historiador Gazmuri. Pa­­ra ele, há possibilidade de que al­­guns programas so­­ciais implementados pela presidente Mi­­chel­­le Bachelet podem sair do rol de prioridades, mas no geral as li­­nhas de governo serão as mesmas.

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