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Comentários do presidente equatoriano Rafael Correa (à esq.) reforçam percepção de que seu governo estaria evitando problemas legais e diplomáticos; Há seis dias no aeroporto de Moscou, Edward Snowden (à dir.) teria recebido um documento especial de viagem do consulado equatoriano em Londres | Fotos: José Jácome/Efe e Glenn Greenwald/Reuters
Comentários do presidente equatoriano Rafael Correa (à esq.) reforçam percepção de que seu governo estaria evitando problemas legais e diplomáticos; Há seis dias no aeroporto de Moscou, Edward Snowden (à dir.) teria recebido um documento especial de viagem do consulado equatoriano em Londres| Foto: Fotos: José Jácome/Efe e Glenn Greenwald/Reuters

O presidente do Equador, Rafael Correa, aparentemente procurou ontem se distanciar mais ainda de Edward Snowden, que recentemente admitiu ter vazado detalhes dos programas de vigilância norte-americanos e pediu asilo político ao país sul-americano numa tentativa de escapar de acusações criminais nos Estados Unidos.

Em rede de televisão, Correa disse ontem que Snowden "terá de assumir suas próprias responsabilidades" por ter revelado os programas da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) norte-americana para a coleta de dados referentes a ligações telefônicas e e-mails.

Os comentários reforçaram uma percepção crescente de que o governo de Correa busca se resguardar de problemas legais e diplomáticos que envolvam Snowden.

Correa, um notório crítico da política exterior dos EUA, reiterou hoje que a atenção da mídia deveria se voltar a exigir respostas do governo norte-americano sobre seus programas de vigilância, e não para a fuga de Snowden. Ele disse ainda que o Equador está sendo atacado injustamente por ter considerado aceitar o pedido de asilo de Snowden.

Jornais como o New York Times e o Washington Post publicaram editoriais contra Correa, destacando o fato de ele ser popular graças a programas sociais e criticando sua postura em relação à mídia, sua "maior inimiga". Não por acaso, Correa conseguiu aprovar uma lei de imprensa que limita a atuação dos meios de comunicação.

Os EUA revogaram o passaporte de Snowden, mas ele supostamente recebeu um documento especial de viagem do consulado equatoriano em Londres. Julian Assange, outro fugitivo da justiça e fundador do WikiLeaks que já conseguiu o asilo no país, no dia 16 de junho do ano passado, confirmou a emissão do documento. Na quinta-feira, no entanto, autoridades equatorianas negaram que o documento tenha alguma validade.

Ao contrário da Ve­ne­zuela, o maior comprador de petróleo do Equador não são os Estados Unidos, mas a China. Essa "independência" equatoriana em relação aos norte-americanos explica parte dos motivos que levaram Assange a buscar a ajuda de Correa para ajudar Snowden.

A falta de documentos válidos de viagem parece ser um dos principais motivos para Snowden continuar refugiado em um terminal do aeroporto de Moscou desde pelo menos a semana passada.

Imbróglio

Edward Snowden decidiu peitar os Estados Unidos e revelar informações confidenciais sobre programas de espionagem ligados ao governo de Barack Obama.

Largou mulher e uma vida financeiramente confortável no Havaí para se aventurar no território movediço dos fugitivos procurados pela justiça norte-americana. Ao menos por alguns dias, ele parecia ser o homem mais procurado do mundo pelos EUA. Até que o presidente Barack Obama colocou a história toda em perspectiva, na quinta-feira, dizendo que Snowden não vale a dor de cabeça que está causando.

O presidente da Vene­zuela, Nicolás Maduro, disse que daria asilo a Snowden sem pestanejar. O ex-funcionário da CIA, no entanto, continua à espera.

Prenda-o se for capaz

A fuga de Edward Snowden, delator do programa de espionagem dos EUA, começou há mais de um mês

Preparação

No escritório da NSA no Havaí, onde trabalhava, Edward Snowden copia os conjuntos de documentos que pretendia divulgar. Pede afastamento do trabalho por duas semanas

Fuga

O ex-técnico da CIA deixa a casa onde morava com a namorada em Waipahu, no Havaí; se despede dela sem dizer para onde vai

20 de maio

Snowden viaja para Hong Kong para a série de entrevistas com jornalista do Guardian

6 e 7 de junho

Guardian publica matérias mostrando esquema de espionagem do governo americano

9 de junho

De Hong Kong, Snowden decide revelar, por meio do Guardian, sua identidade

18 de junho

Snowden se reúne com advogado em Hong Kong e pede que sejam dadas garantias pelo governo local de que não será preso

21 a 22 de junho

EUA apresentam acusação criminal formal contra Snowden e pedem sua extradição a Hong Kong

23 de junho

Sem a garantia de que não seria preso por Hong Kong, Snowden viaja para Moscou num voo comercial; Equador diz ter recebido pedido de asilo

23 a 24 de junho

Ninguém vê Snowden chegar a Moscou; jornalistas cercam área de trânsito e, com a sua foto nas mãos, perguntam aos demais passageiros se o viram no voo vindo de Hong Kong

No-show

Com check-in feito para um voo Moscou-Havana da companhia russa Aeroflot, Snowden não aparece no balcão da companhia; acredita-se que ele não tenha feito controle de passaporte para imigrar na Rússia. Dezenas de jornalistas embarcam no voo. O assento 17-A, em que estaria Snowden, segue para Havana vazio

Seguro?

Julian Assange diz que ele está "num local seguro", rumo ao Equador

25 de junho

O presidente russo Vladimir Putin admite que Snowden não deixou o aeroporto Sheremetyevo, em Moscou. Ele está na área de trânsito e não pode entrar nem deixar o país porque teve o passaporte revogado pelos EUA. Para Putin, drama envolvendo delator é como "tosquear um porco: muito grito e pouca lã"

27 de junho

Presidente Barack Obama rejeita a possibilidade de usar força militar para capturar Snowden e descarta também as altas negociações diplomáticas

Papel

Assange diz que Snowden tem "documento especial de refugiado" dado pelo Equador que lhe permitiria viajar. Quito não confirma

Prazo

Um passageiro pode ficar na área de trânsito até 24 horas, com passagem comprada (com o fim do prazo, há um posto do consulado onde se pode retirar um visto de trânsito)

Alternativas

Um país pode decidir se aceita ou não uma pessoa sem passaporte. A empresa aérea estatal de um governo que aceite recebê-lo poderia transportá-lo

Fonte: da Redação, com Folhapress, Reuters e Agência Estado.

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