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Sala de controle do reator 2, em Fukushima: controle da crise nuclear pode demorar anos | Tokyo Electric Power Co./Kyodo/Reuters
Sala de controle do reator 2, em Fukushima: controle da crise nuclear pode demorar anos| Foto: Tokyo Electric Power Co./Kyodo/Reuters

Alemanha

Catástrofe faz Angela Merkel perder eleição

Folhapress

O governo da chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, teve uma derrota histórica neste domingo nas eleições em Baden-Württemberg, Estado dominado pelos conservadores há quase seis décadas.

O resultado do pleito foi claramente influenciado pela crise nuclear no Japão, que colocou em dúvida a segurança das usinas atômicas como fonte de energia.

Antes das eleições estaduais, o governo de Merkel havia anunciado o fechamento temporário de sete reatores no país em duas semanas – dois deles ficam em Baden-Württemberg. Críticos da chanceler chamaram a medida de eleitoreira.

Resultados preliminares revelam que o Partido Verde, que se opõe à proliferação de usinas nucleares, obteve 24,2% dos votos em Baden-Württemberg. Em segundo lugar ficaram os sociais-democratas (23,1%). Somados, os dois partidos, adversários da Democracia Cristã de Merkel, obtiveram mais de 47%, o suficiente para conquistar maioria no Parlamento estadual (71 cadeiras), e formar um governo de coalizão. Os democratas-cristãos tiveram 39% dos votos.

O governador de Baden-Württemberg, Stefan Mappus, aliado de Merkel e defensor das usinas nucleares, admitiu a derrota e a atribuiu ao ocorrido no Japão: "Os eleitores foram afetados pela tragédia, cujas imagens nos assombram até hoje’’.

"Foi um voto pelo futuro da energia nuclear’’, afirmou o vice-chanceler alemão, Guido Westerwelle, cuja sigla, o Partido Democrático Livre, assegurou apenas cerca de 5% dos votos no pleito.

A força verde

Originalmente, a gestão de Angela Merkel descartara os planos do governo anterior, do social-democrata Gerhard Schröder, de abandonar o uso de energia nuclear até 2021. Em vez disso, Merkel optou por estender o funcionamento das atuais usinas por, em média, 12 anos.

Depois do desastre na usina de Fukushima, o projeto de prorrogar a atividade das usinas foi congelado – mas a mudança abrupta de planos suscitou dúvidas sobre a credibilidade da chanceler. Atualmente, um quarto da energia consumida na Alemanha é de origem nuclear.

Baden-Württemberg é o Estado onde fica Stuttgart, a sexta maior cidade da Alemanha, com população – incluindo as regiões metropolitanas – de aproximadamente 5,3 milhões de pessoas.

Os democratas-cristãos vinham conseguindo manter o poder na região (na qual estão sedes de grandes montadoras) desde 1953. A votação deste sábado era considerada a mais importante das sete eleições estaduais marcadas para 2011 na Alemanha.

Informações preliminares dão como praticamente certo que o estado próximo a Baden-Württemberg, Renânia-Palatinado, que vinha sendo conduzido pelos sociais-democratas, passará a ser governado por meio de uma coalizão com o Partido Verde.

O domingo começou com alerta no Japão após o anúncio oficial de que a radiação na água de um reator em Fukushima estava 10 milhões de vezes acima do normal. Trabalhadores tiveram de deixar o local da emergência, sob risco de contaminação.

Até o final do dia, foi dito que ocorrera um erro de cálculo. "Esse número não é crível’’, disse Takashi Kurita, o porta-voz da Tepco, em­­presa que gere a usina.

Novas amostras foram colhidas para teste, mas ainda não há previsão para a divulgação dos novos resultados.

Há água radioativa nos quatro reatores mais danificados de Fukushima, e a radiação na unidade 2 foi medida em mil milisieverts por hora. O valor está quatro vezes acima do limite considerado seguro pelo governo. Se as medidas forem precisas, complicarão o trabalho de bombeamento de água nos reatores para esfriá-los.

Ainda não se sabe a origem da água radioativa, mas o porta-voz do governo, Yukio Edano, disse que há "quase certeza’’ de que vem do núcleo danificado de um dos reatores.

Duas das seis unidades de Fu­­kushima já são consideradas estáveis, mas as outras quatro permanecem voláteis, emitindo às vezes vapor e fumaça.

"Infelizmente, não temos um cronograma concreto no momento para permitir que digamos em quantos meses ou anos [a crise terminará]’’, disse ontem Sakae Muto, vice-presidente da Tepco.

Nuvem

O Estado de Nevada, nos EUA, afirmou ontem ter detectado quantidades inofensivas de radiação. A medição foi feita por uma estação em Las Vegas. A suspeita é a de que elas tenham saído da usina de Fukushima, já que são incomuns na região.

Califórnia, Colorado, Havaí e Washington também mediram partículas radioativas após o acidente no Japão.

Não há risco à saúde, segundo as autoridades, porque as partículas são dispersadas na atmosfera durante o trajeto pelo Pacífico. São 16 mil quilômetros de distância.

Traços de radiação atribuídos a Fukushima também foram detectados na Província de Heilongjiang, na China. A informação foi divulgada pela agência estatal de notícias Xinhua, citando o comitê de coordenação de emergências nucleares.

As autoridades chinesas também afirmaram que não havia risco para a saúde da população e disseram não haver necessidade para medidas de precaução.

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