Pelo menos cinco pessoas morreram e oito estão desaparecidas após a erupção do vulcão Whakaari, na turística White Island, costa leste da Nova Zelândia, nesta segunda-feira (9). O incidente ocorreu por volta das 14h (22h de domingo em Brasília) e a polícia local informou que 31 pessoas foram hospitalizadas após serem resgatadas, algumas com queimaduras graves.
A polícia não acredita que existam sobreviventes entre as pessoas que estão desaparecidas após a grave erupção. A polícia nacional informou na manhã de terça-feira que os voos de reconhecimento sobre a ilha "não encontraram sinais de vida em nenhum local".
"A polícia acredita que todos os que poderiam ser retirados da ilha com vida foram resgatados no momento da evacuação", disseram autoridades em um comunicado. "Com base na informação que temos, não acreditamos que existam sobreviventes na ilha".
Segundo a imprensa local, 47 pessoas estavam na ilha no momento em que o vulcão entrou em erupção, 38 delas vieram com o navio de cruzeiro Ovation of the Seas. Muitas das vítimas são turistas da Austrália, Reino Unido, China, Malásia e Estados Unidos.
Logo após a erupção, os socorristas não estavam conseguindo fazer buscas por causa do riscos de novas erupções.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, disse que as cinzas expelidas pelo vulcão Whakaari dificultaram tentativas de resgate. "Eu sei que haverá muita preocupação e ansiedade para aqueles que tinham pessoas amadas na ilha naquele momento - e posso garantir que a polícia está fazendo tudo o que pode".
O vulcão Whakaari é um dos mais ativos do país e a ilha privada onde está localizado é turística, com excursões diárias frequentes e voos panorâmicos disponíveis. Turistas foram vistos caminhando dentro da cratera do vulcão momentos antes da erupção e os que conseguiram se salvar publicaram vídeos e fotos enquanto deixavam a ilha.
Casal de brasileiros escapa por pouco
Um casal de brasileiros que viajava pela Nova Zelândia escapou por pouco da erupção do vulcão em White Island. Em sua conta no Instagram, Aline Moura relatou os momentos de pânico vividos pela dupla, que fez um passeio pela região do vulcão minutos antes da explosão.
"A coisa mais louca da nossa vida acaba de acontecer. A gente passeou no vulcão, cerca de uma hora e pouco e, 10 minutos depois que a gente entrou em um bar, ele entrou em erupção", contou a jovem. Ela explicou que o barco em que estavam retornou dando a volta na ilha, mas eles não sabiam se todos haviam conseguido sobreviver. "A gente só espera que ninguém esteja machucado. Graças a Deus a gente está bem", disse Aline.
Ela afirmou que o passeio pelas proximidades do vulcão de White Island era um dos mais esperados. Os guias ainda não haviam confirmado a ida ao local pois, no dia anterior, foi identificada uma atividade vulcânica. Apesar disso, decidiram seguir com o planejamento.
Aline disse que, ao se distanciarem com o barco do vulcão, era possível ver uma "nuvem gigantesca e negra", além de pessoas com queimaduras, "algumas muito graves". "A gente teve muita sorte", afirmou ela, aliviada.
O marido dela, Allessandro Kauffmann, disse que dois grupos de turistas visitaram a ilha nesta segunda-feira. "Um deles foi o nosso, o primeiro. Saímos cinco minutos antes do vulcão entrar em erupção. O outro tour que chegou logo depois, infelizmente eles não conseguiram sair a tempo, e houve algumas pessoas que sofreram queimaduras graves", contou.
Agência alertou sobre o risco
Vários dos turistas que visitavam a ilha durante a erupção vieram com o navio Ovation of the Seas, que oferece excursões ao vulcão.
Fotos da borda da cratera do vulcão tiradas minutos antes da erupção mostram pessoas caminhando nas proximidades, informou o New Zealand Herald.
Um vídeo da erupção gravado de um barco capturou nuvens espessas subindo da ilha. Uma voz podia ser ouvida freneticamente dizendo aos passageiros para entrarem na cabine do barco. Em outro vídeo, a ilha parecia estar completamente tomada por cinzas.
A Agência Nacional de Gerenciamento de Emergências da Nova Zelândia alertou no Twitter na segunda-feira que as condições eram "perigosas nas imediações do vulcão" e instou as pessoas a prestarem atenção a conselhos de segurança detalhados.
As mesmas condições perigosas impediram a polícia e serviços de resgate de chegar à ilha, disse Tims, e especialistas alertaram que mais erupções poderiam ocorrer.
A GeoNet, uma agência que fornece informações de risco geológico para a Nova Zelândia, emitiu vários relatórios de "distúrbios vulcânicos" na ilha, desde o final de outubro.
"Uma agitação vulcânica moderada continua em Whakaari / White Island, com substanciais explosões de gás, vapor e lama observadas na abertura localizada na parte de trás do lago da cratera", afirmou um relatório da terça-feira passada. O relatório alertou sobre as suspeitas de que o vulcão estivesse entrando em um período em que a atividade eruptiva é maior do que o normal.
White Island teve uma "erupção de curta duração" em abril de 2016. Cinco meses depois, emitiu cinzas por uma abertura no domo de lava de 2012.
A erupção devastadora desta segunda-feira foi surpreendente, mas não única, segundo o cientista Ken Gledhill, da GeoNet. "Comparativamente, em termos de erupções vulcânicas, essa não é grande", disse ele à Associated Press. "Mas não seria bom estar perto dela."
Os operadores das excursões são responsáveis por tomar a decisão final de levar os visitantes à ilha, que é de propriedade privada e tem o acesso controlado, informou o New Zealand Herald.
Durante a entrevista coletiva, Ardern se recusou a responder se os visitantes deveriam ter tido permissão para ir à ilha.
Veja abaixo imagens registradas por turistas que conseguiram escapar da fúria do vulcão em White Island.
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