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No programa Última Análise desta quarta-feira (28), os convidados analisaram a repercussão do inquérito promovido pelo STF contra Eduardo Bolsonaro, que busca apoio nos EUA para sanções a Alexandre de Moraes. Por uma leitura mais profunda, faltam fundamentos jurídicos ao ato, ficando mais clara a perseguição política. Enquanto isso, a tensão com os EUA parece escalar, depois do anúncio da nova política de vistos americana, sugerindo restrições a quem pratica censura a americanos.
Em uma análise técnica da ação do STF, segundo o comentarista Deltan Dallagnol, não há "nenhum enquadramento legal" para qualquer conduta de Eduardo Bolsonaro. "Os ministros do Supremo estão fazendo uma imensa bravata, com efeitos desastrosos sobre o império da lei, da democracia e da percepção de justiça", afirma.
O advogado André Marsiglia também avalia que se trata de uma ilegalidade, pois Eduardo foi para os EUA "buscar a aplicação de uma lei legítima e soberana dos próprios Estados Unidos". Assim, não se trata de ferir a soberania nacional brasileira, como alega a ação. "Quando a coisa não calha juridicamente, a PGR e o STF inventam", critica.
Já o jornalista da Gazeta do Povo Omar Godoy lembrou da sempre presente "rejeição estética à família Bolsonaro", que impede muitas vezes que ocorra a defesa de alguns de seus membros. Godoy sugere que tal investida do STF exige que se deixe divergências de lado: "Eu acho que esse é o momento para conservadores pensarem se não é hora da união da direita", pontua.
A nova política americana de vistos e o recado a Moraes
Em declaração através de sua conta na rede social X, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou a nova política para concessão de vistos dos EUA, falando em restrições a "pessoas cúmplices na censura de americanos". "É o primeiro passo para a punição de Alexandre de Moraes", diz Dallagnol. Ele sublinha que o texto fala em "cumplicidade" e, desta maneira, sanções poderiam atingir também ministros do STF.
O escritor Francisco Escorsim vê a manifestação oficial dos EUA como parte de uma estratégia e destaca que ela aconteceu 24 horas depois do STF ter aberto o inquérito contra Eduardo. "É uma uma manifestação institucional do governo norte-americano que, sem nominar ninguém, já fez um estrago", comenta. Escorsim contrasta esta atitude com a do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que permanece em silêncio diante da crise.
O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a quinta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.



