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Fila para abastecer em Maracaibo, capital do estado de Zulia: má gestão, falta de investimentos em manutenção e expansão e a corrupção desenfreada geram crises de escassez de combustíveis na Venezuela
Fila para abastecer em Maracaibo, capital do estado de Zulia: má gestão, falta de investimentos em manutenção e expansão e a corrupção desenfreada geram crises de escassez de combustíveis na Venezuela| Foto: EFE/HENRY CHIRINOS

A Venezuela possui algumas das maiores reservas de petróleo do mundo. Entretanto, o desastre do chavismo gera com frequência escassez de combustíveis no país e filas gigantescas em postos de gasolina.

A mais recente crise levou a uma solução inusitada em um estado venezuelano: sorteios para determinar onde o cidadão deve abastecer seu veículo. A medida foi adotada este mês em Mérida, estado governado por Jehyson Guzmán, filiado ao PSUV, partido do ditador Nicolás Maduro.

No sorteio transmitido por emissoras de rádio, são sorteadas bolinhas com números entre 0 e 9. O nome de um posto de gasolina é anunciado, e os carros com placas que terminam com os dois primeiros números sorteados podem ser abastecidos nele; outro posto é mencionado, e os números sorteados a seguir devem procurá-lo; e assim por diante, até que os números acabem. Depois, eles são sorteados novamente, até que todos os postos de Mérida sejam contemplados. Os resultados também são publicados no Instagram.

“As pessoas saem correndo de casa atrás de gasolina [após o sorteio] para chegar logo às bombas. [Os postos] só abrem até uma ou duas da tarde e não abrem aos domingos”, disse Dicxon Rodríguez, trabalhador na área de educação de 40 anos, em entrevista à agência France-Presse, enquanto aguardava com seu carro em uma fila.

Uma reportagem do Diario Las Américas apontou que os estados venezuelanos com maior falta de combustíveis são Zulia, Falcón, Bolívar, Portuguesa, Monagas, Trujillo, Mérida e Lara, com problemas de abastecimento sendo registrados também em Apure, Aragua e Carabobo.

O jornal El Nacional informou que na Grande Caracas também há escassez: motoristas relataram espera de até cinco horas em filas em postos de gasolina.

O chavismo minimiza a crise de abastecimento: na semana passada, o número 2 da ditadura venezuelana, Diosdado Cabello, declarou que a gasolina “é um elemento que com certeza vão querer usar constantemente para gerar uma crise” e culpou os próprios consumidores.

“Você diz: ‘Não há gasolina’, e mesmo que as pessoas tenham três quartos de tanque, vão querer completar [o tanque com] o quarto de gasolina que falta”, afirmou.

A verdade é que a produção de petróleo na Venezuela despencou devido à má gestão na estatal PDVSA, à falta de investimentos em manutenção e expansão e à corrupção desenfreada (da qual Maduro sempre se beneficiou, mas que usa como desculpa para resolver disputas políticas, segundo analistas) desde a chegada do chavismo ao poder.

Em 2020, a Câmara Venezuelana do Petróleo afirmou que a capacidade de refino do país era 80% menor do que a que possuía em janeiro de 1999, mês anterior à posse de Hugo Chávez. O contrabando para Colômbia e Brasil é apontado como outro complicador. A crise de abastecimento já fez o país recorrer a importações do Irã e da Argélia.

“A crise da gasolina na Venezuela é um reflexo da destruição da indústria do petróleo; especialmente seu parque de refino. As refinarias de Cardón, Amiay, El Palito e Puerto La Cruz foram demolidas por má gestão e corrupção. [São] 24 anos de destruição de um país”, escreveu no Twitter o ex-deputado Jose Guerra.

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