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Cartaz com um sautor, o símbolo da bandeira escocesa | Russell a/Reuters
Cartaz com um sautor, o símbolo da bandeira escocesa| Foto: Russell a/Reuters

Para britânicos, debate envolve sentimentos

Agência O Globo

Para David Harron, que passou o dia diante do Par­­lamento escocês, não interessa se a economia ficará melhor ou pior após uma eventual separação. Os dois são melhores juntos, em sua avaliação.

"É uma questão do coração. Podemos fazer as coisas juntos, superar crises. Meu sogro era escocês, assim como a minha avó. Durante a Segunda Guerra, meu avô, que era paraquedista, se sentiu seguro e em casa ao aterrissar na França e ouvir as gaitas de fole", contou.

As lágrimas de David ao falar do avô indicam que a questão, além de política, é emocional para os britânicos ao sul e ao norte fronteira. O "não" foi dado como vitorioso durante muito tempo, o que proporcionou certa tranquilidade ao governo britânico nos últimos meses.

Vencedor

Mas é cada vez mais difícil saber quem vai ganhar. E, para alguns analistas, pode ser até que as pesquisas de opinião venham subestimando o "sim". A discrepância entre elas é grande e tem sido motivo de discussão. Vale lembrar que as pesquisas não anteviram a vitória dos nacionalistas do SNP na eleição que alçou Salmond ao poder.

David e Annette Harron saíram da cidade inglesa de Leeds na última terça-feira rumo a Edimburgo com a missão de convencer os escoceses a permanecer no Reino Unido. Postaram-se diante da sede do Parlamento na capital carregando o cartaz de confecção caseira com a frase "vamos ficar juntos". A singela campanha do casal ocorreu no mesmo dia em que os britânicos se deram conta de que a separação pode estar mais perto do que imaginavam.

Uma pesquisa de opinião sobre o referendo da independência escocesa, divulgada nesta semana, mostra que o "sim" já tem 47% das intenções de voto (considerando-se os votos válidos), o percentual mais alto já registrado. Continua atrás do "não", que caiu para 53%. Mas trata-se de aumento de oito pontos percentuais em apenas 30 dias, depois de meses de estagnação. O título da reportagem de capa do jornal britânico The Times, que encomendou a pesquisa, colocava a integridade do Reino Unido no "fio da navalha".

Os números acenderam a luz amarela no governo em Londres, que, pela primeira vez, reagiu a uma das várias pesquisas realizadas neste processo de dois anos de preparação para o referendo do próximo dia 18 de setembro.

"A única pesquisa que interessa é o plebiscito. Não há mudança na estratégia atual e futura do governo, pois temos segurança sobre a força dos nossos argumentos", disse um porta-voz do premiê britânico, David Cameron.

Já o ministro-chefe da Escócia, Alex Salmond, que comanda a campanha pela independência, mostrou-se confiante. Líder do Partido Nacional Escocês, ele afirmou a uma plateia de centenas de pessoas — num dos comícios que tem feito — que eleitores estão se registrando em massa para comparecer às urnas e apoiar a secessão.

"E eu tenho um recado para a campanha adversária: essas pessoas não estão se inscrevendo para votar ‘não’", assegurou Salmond.

Se eles vão mesmo votar pela saída do Reino Unido, essa é a pergunta que intriga especialistas, cada vez menos propensos a arriscar um veredicto para o resultado final.

Votos de jovens

O fato é que o Departamento de Estatísticas da Escócia confirmou que nunca tantos cidadãos se inscreveram para votar. O aumento se deve em boa medida aos cerca de cem mil jovens que votarão pela primeira vez. E, nos últimos dias, dezenas de milhares de eleitores correram para se registrar. Por sinal, essa também será a primeira vez na História da Escócia que eleitores de 16 e 17 anos poderão votar.

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