• Carregando...
 | Pixabay
| Foto: Pixabay

Espanha e Rússia se enfrentam neste domingo, às 11 horas, no Luzhniki Stadium, em Moscou. O encontro reúne dois países politicamente diferentes. O primeiro é uma das nações mais democráticas do mundo, que enfrenta problemas como a corrupção e a ameaça de independência da Catalunha, terra de um dos mais famosos times de futebol do mundo: o Barcelona. O segundo, apesar de estar melhorando no futebol, vive uma piora no ambiente político. Apesar de eleito, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, governa com mão de ferro. O país reprime fortemente a oposição e inibe a liberdade de expressão.

Espanha enfrenta dificuldades, mas afirma tradição democrática e futebolística

Chegar às oitavas de final não foi difícil para a Espanha, mas poderia ser mais simples: dois empates contra Portugal (3-3) e Marrocos (2-2) e uma vitória de 1 a 0 contra o Irã. Não foi uma trajetória fácil para a Fúria. Mas redime-se do fiasco da Copa de 2014, realizada no Brasil, quando, ao defender o título, foi eliminada na fase de grupos. 

Assim como na Copa, a Espanha vem passando por uma fase um pouco complicada. Escândalos de corrupção e uma ameaça de secessão dominaram os noticiários nos últimos 12 meses. Os problemas com a Catalunha chegaram a ameaçar o status de democracia plena , atribuída pela Economist Intelligence Unit. 

O tratamento dado pelo governo central à ameaça de independência da Catalunha foi criticada pela entidade. Madri tentou suspender, pela força, o referendo ilegal de independência da Catalunha 

Após a declaração unilateral de independência, feita pelo parlamento regional, o governo espanhol suspendeu a autonomia catalã. Muitos lideres pró-independência foram presos e podem ser condenados a 30 anos de prisão se forem considerados culpados. “O movimento separatista na Catalunha representa o maior desafio ao sistema constitucional espanhol e a integridade territorial”, aponta a Freedom House, uma organização que defende a democracia e os direitos humanos em todo o mundo. 

Leia também: Condenado por corrupção, cunhado do rei da Espanha se entrega para cumprir pena de prisão

Outro problema que o país enfrenta é a corrupção, mas sinais positivos estão sendo emitidos. Políticos de alto escalão estão sendo processados e condenados. Iñaki Urdangarin, cunhado do rei Felipe 6°, foi condenado a seis anos de prisão, por desvio de recursos públicos, prevaricação, malversação, tráfico de influência, fraude à administração e delitos fiscais 

O país é, atualmente, a 19ª nação mais democrática do mundo, um ganho de seis posições em relação a 2012. O salto foi motivado pela melhoria na participação política. 

A Freedom House aponta que o sistema parlamentar apresenta eleições multipartidárias competitivas e transições pacíficas de poder ente os partidos políticos, como ocorreu no início do mês entre Mariano Rajoy, do Partido Popular, e o socialista Pedro Sanchez. “O estado de direito prevalece e as liberdades civis são geralmente respeitadas.” 

A entidade considera que Apesar de a corrupção política ser uma preocupação, políticos de alto escalão têm sido processados e condenados. Iñaki Urdangarin, cunhado do rei Felipe 6°, foi condenado a seis anos de prisão, por desvio de recursos públicos, prevaricação, malversação, tráfico de influência, fraude à administração e delitos fiscais.

Rússia melhora no futebol, mas piora em termos políticos

Quando enfrentou times mais fracos, como a Arábia Saudita e o Egito, a Rússia se deu muito bem: goleou a primeira por 5 a 0 e ganhou do segundo por 3 a 1. Mas, ao enfrentar uma equipe de maior tradição, o Uruguai, que tem dois títulos mundiais (1930 e 1950), teve grandes problemas: perdeu de 3 a 0. Mesmo assim, melhor resultado desde 1986, quando como União Soviética chegou às oitavas de final, sendo eliminada pela Bélgica. Se no futebol está reagindo, após uma eliminação precoce no Mundial de 2014, no Brasil, o mesmo não se pode dizer quanto às liberdades no país. A Economist Intelligence Unit (EIU) qualifica o país como autoritário. Não é a toa, o presidente Vladimir Putin governa o país com punho de ferro. 

Desde 2006, o país vem registrando queda no Índice da Democracia, calculado anualmente pela publicação. Naquele ano, em uma escala de zero (sem democracia) a dez (totalmente democrático), a Rússia registrava uma pontuação de 5,02 pontos. Em 2017, esse indicador caiu para 3,74. O maior país do mundo em área ocupa a 135° posição em um ranking que tem 167 países. Nos últimos cinco anos, o processo eleitoral e o pluralismo político se enfraqueceu ainda mais e o funcionamento do governo é precário. 

Leia também: Opositor de Putin marca protesto, mas evita sedes da Copa

A Freedom House aponta que há uma elevada concentração de poder nas mãos de Putin, com forças de segurança extremamente leais e um judiciário subserviente. O legislativo é dominado por forças pró-Putin e a oposição é manipulável. O Kremlin, segundo a entidade, é capaz de manipular eleições e inibir a atuação de grupos de oposição. 

A The Economist aponta que a confiança pública nas instituições é muito pequena. Há uma grande desconexão entre a população e a elite política. E pouco tem sido feito para ampliar a transparência e a luta contra a corrupção no alto escalão do governo. Raros casos, como o ex-ministro de Desenvolvimento Econômico, Aleksei Ulyukaev, resultam em punição. Ele foi condenado a oito anos de prisão por aceitar US$ 2 milhões em propinas. Segundo a publicação, são “ações cosméticas”, que tem fins eleitorais. Em março, Putin foi reeleito para mais um mandato. 

Não existe liberdade de imprensa no país. A mídia é rigidamente controlada. O Estado russo e seus intermediários a controlam, particularmente os canais de televisão. “É um lugar perigoso para os críticos do regime, que estão na imprensa, exercerem a profissão”, aponta a EIU.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]