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Pessoas correm para escapar da nuvem de poeira que avança sobre elas | Doug Kanter/AFP
Pessoas correm para escapar da nuvem de poeira que avança sobre elas| Foto: Doug Kanter/AFP
  • Homem examina os destroços das Torres Gêmeas, na manhã do dia seguinte

Havia pouco mais de um ano que eu estava morando em Miami, no sul da Flórida. Cursava um programa de mestrado e, como não tinha aulas todos dias, havia desenvolvido a rotina de acordar por volta das 7 horas e, enquanto tomava café da manhã, de assistir ao Today Show, uma espécie de Bom Dia Brasil da rede norte-americana NBC, então apresentado pelos jornalistas Matt Lauer e Katie Couric. Meus planos eram os de sempre: ver o programa até umas 9 horas, para depois começar a estudar em casa ou na biblioteca da universidade. Não foi o que fiz naquele 11 de setembro.

Estava sentado no chão da sala do apartamento onde morava, bebericando uma xícara de café, quando a jornalista Anne Curry, responsável por dar as notícias mais importantes da manhã, interrompeu os apresentadores do Today Show, por volta das 8h50, para anunciar que um avião havia se chocado contra a Torre Norte do World Trade Center, no coração do centro financeiro de Nova York. Àquela altura, ninguém sabia que se tratava de um voo comercial – o de número 11 da American Airlines. Falavam em uma aeronave pequena, possivelmente um monomotor, que talvez tivesse errado de rota e colidido contra o prédio.

Enquanto Anne, ainda sem dados muito concretos, especulava com um confuso repórter da emissora que estava no local do acidente sobre o que se passava, o inimaginável se deu diante das câmeras: outro avião, o voo 175 da United Airlines, se chocou, ao vivo e em cores, contra a outra torre do WTC. Ficou claro que algo de muito errado estava acontecendo. Por algumas horas, sem conseguir me comunicar com o Brasil de forma alguma e bombardeado por notícias desencontradas, algumas falando em ataques semelhantes na iminência de ocorrer em todo o país, confesso que entrei em pânico.

Os dias que se seguiram foram surreais, sobretudo para um estrangeiro vivendo em um país perplexo, que jamais havia tido seu território continental atacado por forças estrangeiras. Todos – o governo, a imprensa, a população – buscavam explicações mais concretas e detalhadas para a ação terrorista orquestrada pela Al-Qaeda. De um dia para o outro, as bandeiras listradas e estreladas dos EUA se multiplicaram e se tornaram onipresentes: hasteadas diante das casas, coladas nas janelas dos prédios de escritórios, tremulando ao vento, amarradas às antenas dos carros, em camisetas e bonés. Músicas de teor nacionalista, falando do amor e do orgulho sentidos pela nação ferida – "América – The Beautiful", no topo da lista – podiam ser ouvidas em quase todas as emissoras de rádios, tocadas em alto volume em bancos, supermercados e shoppings. O país estava em luto. E em estado de guerra.

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