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Ao anunciar o envolvimento norte-americano na Líbia, em março, o presidente Barack Obama listou uma série de condições para a entrada dos Estados Unidos em conflitos.

O país só agiria se não estivesse sozinho, mas sim dentro da coalizão da Otan, e não haveria soldados americanos em solo; apenas interviria quando houvesse uma ameaça óbvia de genocídio; e somente depois do sinal verde das Nações Unidas.

Esse rascunho de "doutrina Obama" foi alvo de ironia ao ser caracterizado como leading from behind, ou, em tradução livre, "liderar dos bastidores".

Mas era exatamente isso que Obama buscava: uma doutrina oposta à muito criticada estratégia pós-11 de Setembro de George W. Bush.

A chamada "doutrina Bush" se caracterizava por quatro princípios básicos: guerra preventiva, unilateralismo, supremacia militar e exportação de democracia.

Após os ataques de 11 de Setembro, Bush afirmou que os EUA agiriam não só para evitar ataques iminentes, mas também potenciais, o que levou à guerra no Afeganistão e no Iraque.

"O princípio de guerra preventiva teve consequências negativas, porque determinava que os EUA tinham uma prerrogativa única, que as outras nações não tinham, de julgar quando havia uma suposta ameaça e legitimar um ataque", disse Melvyn Leffler, professor de história na Universidade da Virgínia. Ele é o autor de A Guerra ao Terror em Retrospecto, principal artigo da edição deste mês da revista Foreign Affairs.

"A credibilidade dos EUA na região foi fortemente abalada, o Iraque deixou de agir como contraponto ao Irã, aumentou a capacidade do Irã de interferir em outros países e a habilidade dos EUA de agirem como mediadores do conflito palestino-israelense diminuiu", disse o professor.

Depois do 11 de Setembro, houve também mudanças no perfil das Forças Armadas americanas. Até então, os soldados eram treinados para guerras convencionais, usando tanques. Passaram a enfrentar inimigos que se escondem em meio à população.

Adotou-se a estratégia cuja bíblia foi o manual de contra-insurgência do general David Petraeus, hoje diretor da CIA. O objetivo era proteger os locais e ganhar sua confiança, em vez de caçar insurgentes.

"Mas, ironicamente, essa abordagem, sem grandes armamentos, é caríssima, consome muitos recursos para reconstruir a nação e leva muito tempo", disse Deane-Peter Baker, professor de Filosofia na Academia Naval dos Estados Unidos.

"Agora, existe uma volta à estratégia focada no inimigo, mas com nuances", disse, como usar menos tropas e recorrer mais a operações que aliem aviões-robôs e times de operações especiais.

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