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Adeus a Madiba

Presidente da África do Sul dá detalhes do funeral de Nelson Mandela

Líder sul-africano, que morreu na quinta-feira (5), será sepultado no dia 15 de dezembro, um domingo, em Qunu, lugar onde passou sua infância

Menino presta sua homenagem em frente à casa do líder sul-africano Nelson Mandela, morto na quinta-feira (5) | Reuters/Siphiwe Sibeko
Menino presta sua homenagem em frente à casa do líder sul-africano Nelson Mandela, morto na quinta-feira (5) (Foto: Reuters/Siphiwe Sibeko)

O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, deverá ser enterrado em 15 de dezembro, disse o atual mandatário, Jacob Zuma, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (6). O líder negro morreu na noite de quinta-feira (5) aos 95 anos.

Os eventos públicos e o velório do ex-presidente começarão na próxima terça, com uma missa solene no estádio Soccer City, em Johannesburgo. O local é o mesmo onde o mandatário apareceu publicamente pela última vez, em 11 de julho de 2010, na final da Copa do Mundo no país.

No mesmo dia 10, o corpo seguirá para Pretória, onde deverá ser velado por três dias no Union Buildings, a residência oficial da Presidência da República. A cerimônia deverá começar na quarta (11) e terminar na sexta (13), com a passagem de chefes de Estado, líderes políticos nacionais e a população.

Dois dias depois, no dia 15, o corpo do líder negro será enterrado em Qunu, aldeia onde Mandela nasceu em 1918 e onde fica o mausoléu de sua família. E no dia 16 deve ser erguida uma estátua do ex-líder em frente ao Union Buildings.

Zuma convocou para o próximo domingo um dia nacional de orações e reflexões nos templos religiosos de todo o país para "refletir sobre a vida de Madiba [nome tribal de Nelson Mandela] e sua contribuição para nosso país e o mundo".

Na entrevista, o atual presidente afirmou que o amor demonstrado pelos sul-africanos e por outros países é "sem precedentes". "Isso demonstra a importância que Madiba tinha como líder. Devemos trabalhar juntos para organizar o melhor funeral possível para esse filho tão destacado do país e o pai da nossa nação."

Cerimônia

O sepultamento de Mandela será um dos maiores funerais do mundo e deverá contar com a presença de dezenas de chefes de Estado e governo, além de personalidades esportivas, da música e do cinema e de milhares de sul-africanos.

A expectativa é que o número de estadistas e governantes seja próximo ao do velório de João Paulo 2º, em 2005, que teve a presença de cinco reis, seis rainhas e 70 presidentes. A presidente brasileira Dilma Rousseff já informou que deverá ir à cerimônia.

Além dela, são esperados o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o príncipe Charles, o premiê britânico David Cameron e outros representantes polêmicos, como os ditadores de Cuba, Raúl Castro, e do Zimbábue, Robert Mugabe.

Dentre as celebridades, deverão ir a ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton, a apresentadora Oprah Winfrey, o ex-capitão da seleção de rúbgi sul-africana François Piennar, campeão do mundo em 1995 e o vocalista da banda U2, Bono Vox.

Libertado em 1990 após ter passado 27 anos atrás das grades do apartheid, Nelson Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul quatro anos depois. Foi um grande reconciliador, conquistando a admiração de ex-inimigos que ele soube escutar.

Mandela entra para a história por ter negociado com o governo do apartheid uma transição pacífica para uma democracia multirracial e por ter evitado uma guerra civil que, no início dos anos 1990, parecia praticamente inevitável.

Nelson Mandela, que completou 95 anos em 18 de julho, havia sido hospitalizado em quatro ocasiões desde dezembro de 2012, sempre por infecções pulmonares.

Os problemas estavam relacionados com as sequelas de uma tuberculose contraída durante o longo período em que passou na ilha-prisão de Robben Island, na costa de Cabo, onde passou 18 anos dos 27 de detenção nas prisões do regime racista do apartheid.

Líder negro passou 27 anos preso e incomunicável

Mandela foi preso em 5 de agosto de 1962 e condenado à prisão perpétua por sabotagem contra o governo, em 12 de junho de 1964. Quando foi preso, em 1962, Mandela estava casado pela segunda vez com a militante Winnie Madikizela, que conheceu nas reuniões do Conselho Nacional Africano (CNA), em 1956, quando ainda vivia com Evelyn Ntoko Mase. Casaram-se em 1958 e tiveram duas filhas. Incomunicável durante 27 anos, Mandela deve a Winnie o início do movimento de luta por sua libertação. Não assistiu ao processo de mitificação de seu nome. Winnie sofreu inúmeras represálias. Foi presa e ameaçada, além de processada por envolvimento em atos radicais. No final da década de 80, Mandela era o preso político mais famoso do mundo.

Saúde frágil

Mandela teve vários problemas de saúde durante a vida e contraiu tuberculose durante seu longo período na prisão. Seus problemas de saúde fizeram com que ele decidisse se aposentar após cumprir o mandato presidencial de cinco anos. Apesar disso, ele se manteve como importante ator da política internacional até 2004, quando decidiu se retirar da vida pública.

Em 1985, ele passou por uma cirurgia por causa do aumento do volume da próstata e em 2001 foi diagnosticado um câncer no mesmo órgão, mas ele superou a doença após sete semanas de radioterapia.

Os problemas respiratórios intensificaram-se nos últimos anos. Mandela foi internado em janeiro de 2011 em um hospital de Johanesburgo. Autoridades disseram inicialmente que ele passaria por exames de rotina, mas foi revelado depois que ele sofria de uma séria infecção respiratória. O caos provocado pelos jornalistas e curiosos que entravam nas alas o hospital público onde ele estava internado fez com que o Exército sul-africano assumisse a responsabilidade pelos cuidados médicos do ex-presidente e o governo se tornasse responsável pelo controle das informações a respeito de sua saúde.

Em fevereiro de 2012, Mandela passou a noite em um hospital para diagnosticar as causas de persistentes dores abdominais. Em 8 de dezembro do mesmo ano, o presidente sul-africano Jacob Zuma informou que Mandela havia dado entrada num hospital militar de Pretória, a capital executiva do país, para exames de rotina, mas dias mais tarde foi revelado que ele estava com infecção pulmonar.

Em dezembro do mesmo ano, outra infecção pulmonar levou Mandela ao hospital, onde passou três semanas internado. O ex-presidente teve alta em 28 de dezembro e foi liberado pelos médicos para terminar o tratamento em casa. Logo após, o presidente Jacob Zuma chegou a pedir aos sul-africanos que rezassem por Mandela. Dias depois, o gabinete da presidência africana divulgou comunicado informando que o Nobel da Paz havia passado por uma cirurgia para remover cálculos biliares, e que havia se recuperado do procedimento cirúrgico e também da infecção pulmonar. Foi a internação mais longa de Mandela desde que foi libertado da prisão, em 1990.

Em abril de 2013, Mandela recebeu alta do hospital após uma internação de dez dias, a terceira em cinco meses, devido à recorrente infecção pulmonar. No entanto, um vídeo divulgado por uma rede de televisão da África do Sul mostrou o ex-presidente em uma poltrona, com sua cabeça sobre um travesseiro e suas pernas estendidas e cobertas por um lençol, com aspecto cinza e sério. Suas bochechas mostravam marcas do que parecia ser uma máscara de oxigênio removida recentemente.

Mandela voltou a apresentar problemas respiratórios e em 8 de junho voltou a um hospital de Pretória para tratamento de uma infecção pulmonar recorrente. Desde então, o estado de saúde do ex-presidente sul-africano e prêmio Nobel da Paz se tornou cada vez mais crítico.

A última aparição pública de Nelson Mandela foi na final da Copa do Mundo de Futebol, em junho de 2010.

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