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"Eu sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas do Senhor. E Ele não a deixa afundar; é Ele quem a conduz, certamente também por meio dos homens que escolheu, porque assim Ele o quis."

Bento XVI, na audiência geral de ontem.

"Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, conferências. Não abandono a cruz, mas me coloco de uma nova maneira junto ao Senhor Crucificado. Não tenho mais o poder de ofício de governar a Igreja, mas no serviço da oração permaneço, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Bento, cujo nome uso como papa, me servirá de grande exemplo. Ele nos mostrou o caminho para uma vida que, ativa ou passiva, pertence totalmente à obra divina."

Bento XVI, na audiência geral de ontem.

O Brasil marcou sua presença na última audiência do papa Bento XVI, com bandeiras verde-amarelas tremulando por toda a Praça de São Pedro, lotada e iluminada pela resplandecente luz do sol, num céu de azul intenso que ganhou até uma menção do papa. Ainda que a bandeira fosse a mesma, era carregada por sotaques muito diferentes: paulistas, mineiros, nordestinos, cariocas, gaúchos...

Na preparação da chegada do papa, como de costume, o mestre de cerimônias saudou os grupos oficialmente presentes, incluindo paróquias brasileiras. Mas muitos outros brasileiros estavam fazendo turismo pela Europa e se organizaram para estar ali e despedir-se de Bento XVI, como Elisangela e Carlos Costa, que comemoravam 14 anos de casamento, com a bênção do papa. "Somos de Uberaba (MG) e queríamos participar da audiência; só não imaginávamos que seria a última de Bento XVI. Realmente, trata-se de uma ocasião única", destacaram. Já o consultor de informática paulistano Vitor Estevão não planejou participar da audiência; apenas estava passando por ali, para conhecer Roma. Ele ainda vai para Barcelona antes de voltar a São Paulo. "Eu sou católico, mas não pratico a religião", disse.

FOTOS: Veja slideshow com imagens da última audiência pública de Bento XVI

A audiência das quartas-feiras serve tradicionalmente para o papa fazer uma pequena catequese sobre temas ligados à fé. Mas ontem, ele mencionou apenas de passagem o trecho da Bíblia lido antes de seu discurso (da carta de São Paulo aos colossenses), e preferiu fazer um relato mais pessoal e emocionado, explicando novamente por que ele se tornou o primeiro papa em 600 anos a renunciar e pedindo que os fiéis rezem por seu sucessor.

Bento XVI lembrou que, quando foi eleito papa, em 19 de abril de 2005, perguntou se Deus realmente queria aquilo. "É um grande peso que vocês colocaram sobre minhas costas", disse ele na época. O papa afirmou que, durante seus oito anos de pontificado, teve "momentos de alegria e luz, mas também momentos que não foram fáceis... momentos de mares turbulentos e ventos fortes, como tem acontecido na história da Igreja quando parece que Deus está dormindo". Mas ele declarou que nunca se sentiu sozinho, agradeceu o apoio da cúpula católica e dos fiéis, e afirmou que Deus sempre o guiou.

O papa ainda quis tranquilizar os católicos inquietos sobre o futuro da Igreja em um momento tão peculiar, ao reafirmar que, independentemente das pessoas que estão à frente da Igreja, quem a conduz é o próprio Deus. Para o seminarista Au­­gusto Mau­­rício Quaresma, aluno da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, o Espírito Santo continuará a guiar a Igreja Católica. Quaresma espera que seja eleito um papa que possa aproveitar tudo o que Bento XVI fez. "Ele se aprofundou no estudo da Escritura e trabalhou muito com a formação dos padres no Ano Sacerdotal. Agora, rezamos para que os cardeais elejam um papa tão ou mais santo que esse", declarou.Veja fotos da última audiência pública do papa

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