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Na última quinta-feira, o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, concedeu uma entrevista exclusiva à Gazeta do Povo. Ele havia acabado de participar do Encontro do Santo Padre Bento XVI com 144 cardeais na Sala Clementina, no Vaticano.

Dom Odilo estava visivelmente emocionado. A impressão era de que estava arrebatado pela oportunidade de conversar com o papa emérito.

Na reunião, Bento XVI fez um discurso e se despediu de cada um dos cardeais que se preparam para o conclave cuja data será definida nos próximos dias.

O que os cardeais conversaram neste momento? O que o Santo Padre lhe disse?

Assim que me viu, com sua memória gigante, falou: "São Paulo, São Paulo!", recordando a primeira viagem longa que fez em seu pontificado. Eu lhe agradeci o serviço à Igreja nestes quase oito anos, enfatizando minhas orações para que o Espírito Santo continue nos iluminando em nosso peregrinar terreno.

Como o senhor está se preparando para o conclave?

A participação no conclave implica imensa responsabilidade. Naturalmente, tenho sentimentos de curiosidade e ansiedade que procuro sobrenaturalizar, ou seja, transformá-los em oração, atendendo ao que o papa Bento XVI nos pede. Ele insistiu que todos nós, cardeais, sejamos completamente dóceis à ação do Espírito Santo na eleição do novo papa e rezou para que o Senhor nos mostre o que quer.

O que o senhor faz para administrar o trabalho em uma grande arquidiocese como a de São Paulo e ao mesmo tempo atender a esta demanda universal da Igreja, neste conclave? E se Deus lhe pedisse para ser o novo pap... (Neste momento, dom Odilo interrompe a repórter.)

Não. Não vamos entrar por aí. Não penso nisso. Não tenho essa visão neste momento em que peço a Deus que as ovelhas do rebanho elejam um bom pastor e que Bento XVI tenha saúde para rezar e estudar, oferecendo sua vida pelo bem da Igreja.

O que o senhor espera dos brasileiros neste momento do conclave? Estamos preparando a Jornada Mundial da Juventude...

A Jornada Mundial da Juventude será uma grande catequese neste Ano da Fé, uma excelente ocasião para fortalecê-la em nossa região, em cada alma. A fé se faz cultura e a cultura se impregna da fé. Há um encontro do divino e do humano na sociedade. E certamente a cultura brasileira – nossa alegria, nossa capacidade de acolher, nosso entusiasmo – dará um matiz peculiar a esta grande catequese que é a Jornada Mundial da Juventude.

O senhor usa tecnologia em seu trabalho. Tem conta no Twitter...

A gente procura colocar todos os meios para trabalhar da melhor forma e alcançar o maior público para transmitir a nossa fé. Porém, sinto que ainda temos muito que fazer nesse aspecto. As redes sociais estão em contínuo desenvolvimento e é difícil acompanhar todas as últimas ferramentas de comunicação disponíveis. Mas, com a ajuda de Deus, a gente chega lá.

O novo papa, na Cúria, terá de enfrentar problemas graves, muitos deles levantados polemicamente pela mídia, como o VatiLeaks, a pedofilia no clero, as irregularidades do Banco Vaticano, a perda de fiéis católicos para seitas evangélicas e outras religiões.

A Igreja sempre enfrentou dificuldades, mas sobreviveu a todas elas. Existe há mais de 2 mil anos porque confiamos em Jesus Cristo. Ele disse: "Tende coragem. Eu estarei sempre convosco". Se foi assim sempre, com certeza o próximo papa contará com a graça de Deus para ajudar o povo nesse caminho até a vida eterna. A graça de Deus nunca faltou e por que faltaria agora? Quanto mais dificuldades, mais graça de Deus.

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