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Acusações

Bento XVI foi avisado sobre "conduta inapropriada" de cardeal

O Papa Bento XVI foi informado de suposta conduta inapropriada pelo mais alto clérigo católico da Grã-Bretanha, que deve participar da escolha do sucessor do pontífice no próximo mês, informou ontem o Vaticano.

O cardeal Keith O’Brien, líder da Igreja Católica na Escócia, nega as alegações feitas por três sacerdotes e um ex-padre, que foram direcionadas para Roma uma semana antes da renúncia de Bento XVI, em 11 de fevereiro, de acordo com o jornal The Observer.

"O Papa está ciente do problema e a questão agora está em suas mãos", afirmou a jornalistas o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, quando questionado sobre a reportagem do jornal britânico. Um porta-voz de O’Brien disse que as alegações foram contestadas.

Os três sacerdotes e o ex-padre, que são da diocese de St. Andrews e Edimburgo, na Escócia, relataram ao embaixador do Vaticano na Grã-Bretanha, Antonio Mennini, que o cardeal O’Brien cometeu "atos inapropriados" 33 anos atrás, de acordo com o jornal The Observer. Um deles declarou ter recebido atenção indesejada do cardeal, enquanto outro relatou que O’Brien teria aproveitado orações noturnas para estabelecer contatos inadequados, revelou a publicação.

O cardeal escocês deve votar no próximo conclave papal, previsto para acontecer em março. Mas os padres que encaminharam a denúncia ao Vaticano exigem a renúncia de O’Brien, temendo que o caso não seja devidamente analisado, caso ele receba autorização para viajar para Roma.

Mas o cardeal Cormac Murphy-O’Connor, ex-arcebispo de Westminster e ex-diretor da Igreja Católica na Inglaterra e no País de Gales, afirmou que O’Brien não deve ser impedido de ajudar a escolher o próximo papa.

Agência Estado

O Papa Bento XVI celebrou ontem seu último Ângelus, abraçado pela mesma frase com que assumiu o papado, há quase oito anos: a família Alanno trouxe de Pescara, nos Abrúzios, à praça de São Pedro, uma cartolina branca em que se lia "Obrigado, humilde trabalhador na vinha do Senhor". Foi assim que Joseph Ratzinger, que acabava de ser eleito papa, se apresentou à massa concentrada na praça.

Ontem, a massa não era tão compacta. Nem chegava perto das 250 mil pessoas anunciadas na véspera pelos telejornais italianos. Havia pouco mais de 50 mil pessoas, como, de resto, no Ângelus do domingo anterior, o primeiro desde que Bento XVI anunciou a renúncia.

A fala durou curtos 12 minutos e foi toda ela lida, com apenas um trecho improvisado, para "agradecer aos céus por um pouquinho de sol". De fato, o domingo amanheceu iluminado pelo sol, depois da chuva intensa de sábado. Sol de todo modo insuficiente para quebrar o frio de Roma, embora nada parecido com o gelo e a neve que caíam no Norte da Itália.

Foi uma fala puramente eclesiástica, que girou em torno da transfiguração de Cristo, ocorrida no alto de uma montanha e que, segundo a doutrina cristã, representa o encontro do temporal com o eterno.

Bento XVI, como se fosse uma explicação para sua renúncia, disse que Deus o chamara ao monte para que se dedicasse à pregação e à oração. Mas – acrescentou – isso "não significa que abandonarei a igreja. Se Deus me pede isso, é para que possa continuar a servi-Lo com o mesmo amor".

A massa explodiu em aplausos. Ao pé dos 25,5 metros do Obelisco do Vaticano, que enfeita o centro da praça desde 1586, o grupo mais ruidoso era formado por seminaristas brasileiros, a maioria paraibanos. Agitavam seis bandeiras brasileiras, de longe as mais numerosas, derrotando as da Polônia, do México, da Romênia, até da Itália, da Espanha, da Alemanha do Papa, do Chile e uma da Índia, de pouca tradição católica.

Os brasileiros foram ao delírio quando, como é da praxe nos Ângelus, o Papa disse, em português, "obrigado pela vossa presença e por todas as manifestações de afeto e solidariedade". Bento XVI agradeceu também em francês, inglês, alemão, espanhol e polonês, finalizando com o italiano.

O Ângelus terminou, os sinos da impressionante Basílica de São Pedro repicaram, os fiéis e os curiosos foram saindo devagar, para a felicidade de Elisabetta, a garçonete do café Santa Marta, a alguns passos da praça, que lamentava o número até então muito reduzido de cafezinhos servidos, porque a massa não havia sido tão grande quanto o anunciado.

Na loja O Peregrino Ca­tólico, as vendedoras também se queixavam: as imagens de Bento XVI vendem muito pouco, mesmo depois da renúncia. Uma caixa de plástico com a foto do Papa custa 6,90 euros (R$ 18), o mesmo preço da mais procurada de João Paulo II.

A praça foi se esvaziando. Os italianos tinham um segundo compromisso histórico: votar para eleger um novo Parlamento e, por extensão, um novo primeiro-ministro. Ou, então, ver na tevê um clássico mundano, o derby milanês entre Internazionale e Milan.

Twitter

Logo após pronunciar a última cerimônia do Ângelus de seu pontificado, do Papa Bento XVI usou sua conta no Twitter (@Pontifex) para pedir aos fiéis que rezem por ele e pela igreja.

"Neste momento particular, peço-vos que rezeis por mim e pela Igreja, confiando sempre na Providência de Deus", escreveu o Papa.

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