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Esquiadores no Monte Sunapee, em Newbury: embora o aquecimento global coloque em risco as estâncias de esqui nos EUA, muitos no ramo continuam otimistas | Caleb Kenna/The New York Times
Esquiadores no Monte Sunapee, em Newbury: embora o aquecimento global coloque em risco as estâncias de esqui nos EUA, muitos no ramo continuam otimistas| Foto: Caleb Kenna/The New York Times

Resposta

Estratégia mais básica para lidar com a falta de neve é fabricá-la

Em resposta aos problemas de mudanças climáticas, as áreas de esqui vêm desenvolvendo estratégias de adaptação para atrair as pessoas a seus resorts, mesmo se a atividade de esquiar for reduzida a um papel marginal.

Muitos já expandiram seus negócios e se tornaram destinos para as quatro estações, oferecendo uma variedade de atividades que não dependem do clima, como shows, aulas de yoga, feiras de artesanato, conferências, parques aquáticos e spas. Sunapee, em Newbury, abriu um parque de aventura neste verão com tirolesas, uma trilha de obstáculos em cima das árvores e golfe.

A estratégia mais básica para lidar com a perda de neve é fabricá-la, e datando da temporada de 2009-2010, é isso que vem fazendo 88% dos resorts pertencentes à Associação Nacional das Áreas de Esqui. Melhorias dramáticas na tecnologia de fabricação de neve ajudaram os resorts a compensar pelo aquecimento, e vários deles já investiram milhões de dólares em novos canhões de neve energeticamente eficientes.

"Até agora, a tecnologia vem conseguindo manter bem o passo com a mudança climática", disse McCloy, em Sunapee, um dos resorts que Scott, no Canadá, previu que acabará indo à falência por conta do aquecimento global. "Na verdade", disse McCloy, "a melhoria da tecnologia está vindo até mesmo mais rápido do que o aquecimento global".

Pode ser que não continue assim por muito tempo. "Com as temperaturas mínimas noturnas aumentando num ritmo mais rápido do que as temperaturas máximas diurnas", constata o relatório da NRDC, "é incerto até que ponto a fabricação de neve continuará sendo uma estratégia de adaptação viável".

Helena Williams se divertiu muito esquiando no Monte Sunapee logo após o resort abrir no final de novembro. No entanto, ao retornar no dia seguinte, as temperaturas haviam subido e alterado as cores das trilhas – de branco para cor de terra.

"Isso é preocupante para o começo da temporada", disse Williams, 18 anos, membro da equipe de esqui da faculdade Colby-Sawyer, na região de Newbury, no estado de New Hampshire (EUA). "O inverno está obviamente tendo dificuldades para decidir se quer ser quente ou frio".

Sua angústia não é infundada. Todos ainda se lembram do último inverno, quando a escassez de neve e as temperaturas estranhamente altas fizeram com que muitos esquiadores ficassem longe dos montes.

Foi o quarto inverno mais quente já registrado desde 1896, forçando metade das áreas de esqui do país a abrir tardiamente, e quase metade delas a fechar mais cedo.

Mas, segundo os cientistas, não importa se esse inverno em particular será quente ou frio: por causa da mudança climática, a previsão a longo prazo para os esquiadores é péssima. A ameaça do aquecimento global pende sobre quase todos os resorts dos EUA, do Sugarloaf no Maine, ao Squaw Valley, na Califórnia.

Conforme sobem as temperaturas, os analistas preveem que muitos dos centros de esqui dos EUA, especialmente os localizados em altitudes e latitudes mais baixas, acabarão desaparecendo.

Segundo um estudo a ser publicado no ano que vem, de autoria de Daniel Scott, diretor do Centro Interdisciplinar de Mudança Climática da Universidade de Waterloo, em Ontário, no Canadá, sob certas previsões, por volta do ano de 2039, mais da metade dos 103 resorts de esqui na região noroeste não será capaz de manter uma temporada com duração de cem dias.

A essa altura, é provável que nenhuma área de esqui em Connecticut ou Massachusetts seja economicamente viável, segundo Scott. Só 7 dos 18 resorts em New Hampshire, e 8 dos 14 do Maine conseguirão se manter. As 36 áreas de esqui em Nova York, a maioria delas localizada no lado oeste do estado, terão sido reduzidas a 9.

A tendência ao aquecimento "significa a devastação econômica de toda uma indústria de esportes de inverno profundamente dependente de uma queda de neve previsível e volumosa", disse outro relato, publicado na semana passada pelo Conselho de Defesa de Recursos Naturais (NRDC, na sigla em inglês) em conjunto com a organização Protejam Nossos Invernos, fundada para fomentar ações contra a mudança climática.

Entre 2000 e 2010, segundo o relatório, notou-se que a indústria de esqui e snowboard, uma indústria de US$ 10,7 bilhões centrada em 38 estados e que emprega 187 mil pessoas direta ou indiretamente, perdeu US$ 1,07 bilhão em receita, ao comparar os melhores anos de cada estado, em relação à sua queda de neve, com os seus piores anos.

Tradução de Adriano Scandolara.

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