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Ministro Juan Manuel Santos participa de ato em que reconheceu falha do Estado colombiano no massacre de 1990 | Mauricio Dueñas / AFP Photo
Ministro Juan Manuel Santos participa de ato em que reconheceu falha do Estado colombiano no massacre de 1990| Foto: Mauricio Dueñas / AFP Photo

Por ordem da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Estado colombiano pediu desculpas publicamente, nesta quarta-feira (4), por "não adotar as precauções regulares" que teriam evitado o desaparecimento de 37 pessoas e a morte de outras seis nas mãos de paramilitares em 1990. O massacre, ocorrido em 14 de janeiro de 1990 no povoado de Pueblo Bello, no departamento de Antioquia, cerca de 440 quilômetros de Bogotá, foi cometido por paramilitares, segundo dados da corte interamericana.

"Lamentamos não ter escutado suas vozes antes e tê-los feito trilhar (os familiares das vítimas) este longo caminho para alcançar a justiça", disse o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, durante um ato ao qual compareceram parentes de algumas das vítimas. À cerimônia, na sede do Ministério do Exterior, também estiveram presentes altos funcionários.

Em nome do Estado, Santos reconheceu a responsabilidade por "não adotar as precauções regulares para controlar" a região onde ocorreu a matança. Depois de abrir um processo pelo massacre no final dos anos 1990, a Corte Interamericana de Direitos Humanos emitiu uma sentença em 31 de janeiro de 2006, na qual ordenou ao Estado colombiano reconhecer sua responsabilidade internacional "por haver descrumprido suas obrigações de garantir os direitos à vida, à integridade pessoal e à liberdade dessas pessoas" assassinadas.

Também ordenou o pagamento de indenizações aos parentes das vítimas de mais de US$ 5 milhões e o pedido de desculpas públicas pelo ocorrido. Parte do dinheiro já foi pago desde que a sentença foi proclamada e o importante do ato desta quarta-feira é que "o Estado reconheceu sua responsabilidade" pelo que aconteceu, disse Gustavo Gallón, diretor da organização não-governamental Comissão Colombiana de Juristas, que representou as vítimas ante a Corte Interamericana.

Gallon disse que embora esta não tenha sido a primeira vez que o Estado colombiano se desculpa publicamente por um massacre, foi a mais recente na qual participaram vários ministros e autoridades públicas numa sede oficial. Dentre as 43 vítimas, entre mortos e desaparecidos, em sua maioria camponeses dedicados à agricultura e à pecuária, estavam três menores.

Segundo a sentença da Corte, "o propósito (do grupo paramilitar) era realizar um ataque na corregedoria de Pueblo Bello para sequestrar um grupo de pessoas, supostamente colaboradores da guerrilha, com base em uma lista que tinham". A acusação do grupo insurgente nunca foi comprovada, acrescentou a Corte.

"Levamos 19 anos sofrendo e sendo deslocados de nossos lugares de origem; 19 anos de luta e hoje temos uma vitória", disse aos jornalistas, depois da cerimônia, Eliana Romero, mãe de Fermín Agresott Romero, de 19 anos e um dos desaparecidos.

Os familiares pediram em várias ocasiões aos representantes do governo que sigam trabalhando para encontra o lugar onde possam estar os cadáveres de seus entes queridos.

Desde o massacre, apenas seis pessoas, das 60 investigadas, foram condenadas, das quais duas cumpriram a pena imposta, segundo a Comissão Colombiana de Juristas. As informações são da Associated Press.

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