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Militantes agora usam as ferramentas americanas

Opinião

Irinêo Baptista Netto, editor de Mundo.

Chega a ser engraçado. Mas de um jeito perturbador. Na verdade, é provável que você ria nos segundos finais do vídeo que o Estado Islâmico (EI) divulgou nesta quarta-feira (17) como uma espécie de resposta ao anúncio do presidente Barack Obama – de que ele vai destruir o EI "onde quer que esteja".

A produção de 52 segundos parece um trailer sem pé nem cabeça e lembra, ironicamente, um filme ruim de ação produzido por Hollywood. São os radicais islâmicos usando as mesmas ferramentas e meios que os americanos usam para conquistar mentes e corações: o soft power do EI.

O clipe não tem narrativa. É só uma sucessão de cenas breves de soldados, de combate e do Obama, intercaladas por explosões. Palavras (suponho que o idioma seja árabe) se misturam ao discurso do líder americano, mais explosões e a Casa Branca, filmada da rua como se o operador da câmera estivesse num carro em movimento.

Ao fim, surge um título: "Chamas da Guerra – A Batalha Apenas Começou". Os vídeos das decapitações realizadas pelo EI também receberam títulos, mas eram mais objetivos: "Mensagem para o governo dos Estados Unidos", "Uma segunda mensagem para a América".

Agora, o estranho é que a produtora do clipe (Al Hayat Media Center, com vinheta e tudo) coloca a expressão "coming soon" (em breve), usada em trailers para indicar que um filme ainda não chegou aos cinemas. Mas esse "em breve" sugere que o conflito logo vai chegar aos EUA.

Se você parar para pensar no que é o EI e no quanto é doente o grupo transformar um conflito sério num trailer pirotécnico, talvez ainda ria, mas de nervoso.

O Estado Islâmico divulgou um vídeo em aparente resposta à ameaça do presidente americano, Barack Obama, de destruir a facção, que age na Síria e no Iraque.

O vídeo foi lançado nesta terça-feira (16), após o chefe do Estado Maior das Forças Armadas americanas, general Martin Dempsey, ter admitido que não está descartado o envio de militares dos EUA para lutar ao lado dos iraquianos contra o EI.

As imagens mostram tropas e tanques americanos sendo atacados e explodindo, em uma simulação do que aconteceria caso os soldados fossem lutar no Iraque.

O filme de 52 segundos foi feito pelo Al Hayat Media Centre, responsável pelas produções do EI. Montado como um trailer, o vídeo traz ao final o título "Chamas da Guerra - A luta apenas começou".

O trailer traz ainda um trecho de um discurso de Obama, no qual diz que as tropas americanas não voltarão a lutar no Iraque. Aparece em seguida a imagem da Casa Branca, filmada em um carro em movimento.

O EI já produziu outros vídeos, como o da decapitação de reféns e também propaganda para recrutar ocidentais.

Bombardeios

Os EUA lideram a formação de uma coalizão de países contra o Estado Islâmico e já bombardeiam o grupo no Iraque.

Obama não descarta bombardeios na Síria, mas disse que não haverá tropas americanas em solo.

Desde junho, quando o EI ampliou sua área de domínio para o Iraque, os EUA já enviaram 1.600 militares ao país.

Foram 167 bombardeios americanos no país desde 8 de agosto. As operações são coordenadas com as tropas iraquianas e curdas.

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