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Cristão iraquiano que escapou da violência em Mossul caminha em igreja de Amã, na Jordânia | Muhammad Hamed/Reuters
Cristão iraquiano que escapou da violência em Mossul caminha em igreja de Amã, na Jordânia| Foto: Muhammad Hamed/Reuters

Opinião

Crise iraquiana ameaça fragmentar o país em três regiões distintas

A única certeza em relação ao Iraque hoje é de que a crise política é grave. Tanto que já se pode falar na possível fragmentação do país em três regiões independentes: a região sunita controlada pelo Estado Islâmico (EI), a xiita em Bagdá e a região autônoma curda.

Caso tal hipótese se confirmasse, o futuro do Oriente Médio estaria irremediavelmente comprometido pelo radicalismo do EI, que converteria territórios ocupados em possíveis bases para radicais islâmicos e outros grupos militantes da região, especialmente na Síria.

A parte xiita poderia buscar apoio sob a influência do Irã, que já ofereceu auxílio para Bagdá tentar manter o controle da situação.

A capacidade de recrutar em zonas distantes tem permitido ao EI contar com mais de 10 mil membros combatentes, enfrentando com sucesso dois exércitos nacionais — na Síria e no Iraque — para lograr o principal objetivo de controlar uma região que vai da cidade síria de Aleppo até as iraquianas de Faluja, Mossul e Tal Afar.

O próximo passo do EI será avançar para outros países do Oriente Médio, do norte da África e para o sul da Espanha.

Gutenberg Teixeira, professor de Relações Internacionais e doutorando em Responsabilidade Jurídica pela Universidade de León, na Espanha.

Os Estados Unidos afirmaram ontem que os jihadistas do Estado Islâmico (EI) são "muito mais que um grupo terrorista" e asseguraram que avaliam "todas as opções" para acabar com eles apesar das ameaças dos radicais encarnadas no assassinato do jornalista americano James Foley.

"O Estado Islâmico é muito mais que um grupo terrorista. São sofisticados, têm uma sólida estratégia e estão extremamente bem financiados", disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, em entrevista coletiva.

Hagel, que reiterou a intenção do governo Obama de estabelecer uma operação "de longo prazo", explicou que isso se justifica porque o EI não pode ser considerado uma ameaça passageira. "A evidência é clara, o Estado Islâmico é bárbaro. São uma ameaça iminente."

Decapitação

O secretário de Defesa ofereceu condolências à família do repórter James Foley, que tinha 40 anos e cuja decapitação foi divulgada na internet pelos membros da jihad como resposta ao governo americano pelos ataques contra posições do grupo militante no Curdistão iraquiano.

Formação do novo governo iraquiano cumprirá prazos

O primeiro-ministro designado do Iraque, Haider al-Abadi, assegurou ontem que formará um novo governo dentro do prazo de 30 dias estipulado pela Constituição, enquanto os yazidis seguem sendo perseguidos pelo grupo radical Estado Islâmico (EI) no norte do país.

Abadi se mostrou otimista ontem para superar a principal barreira que até agora impedia a formação de um novo Executivo no país: as divergências políticas que agravaram a crise iraquiana.

"As negociações para formar governo se desenvolvem de forma positiva", assegurou Abadi, designado primeiro-ministro no último dia 11 de agosto após um longo período de estagnação no diálogo político que deveria definir as novas autoridades iraquianas após as eleições legislativas do último dia 30 de abril.

O primeiro-ministro Abadi substitui o também xiita Nouri al-Maliki, que, a princípio, se mostrou reticente em deixar o poder, mas finalmente acabou reconhecendo o sucessor e o apoia na complicada etapa política que o Iraque atravessa.

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