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Assunção – Mesmo estando preso, a solidão não faz parte do dia-a-dia do ex-general Lino Oviedo. Todos os domingos ele recebe a família para almoçar e nos dias de visita, durante a semana, o périplo de simpatizantes, políticos e amigos no quartel de Viña Cué é intenso. Em apenas um dia ele chega a receber 40 a 60 pessoas para conversas acompanhadas por seguranças que dificilmente ultrapassam 30 minutos. Todos que entram no quartel são submetidos a uma rigorosa vistoria. Não se pode fotografar, gravar diálogos e entrar com agendas, sob o risco de ser expulso do local. Em uma dessas visitas, o ex-general recebeu a Gazeta do Povo para uma rápida conversa.

Gazeta do Povo – Por que o senhor pretende ser presidente do Paraguai?

Oviedo – No Paraguai falta saúde, educação. O povo não sabe ler, escrever, não tem força para caminhar porque tem fome. Precisamos criar escolas e cuidar da saúde. Hoje, os camponeses plantam maconha porque os traficantes pagam adiantado e entregam a eles insumos antes mesmo da plantação. Em 2003, o Paraguai produziu 1.000 hectares de maconha. Hoje já há 5,5 hectares.

O senhor está preso por ser acusado de uma série de crimes. A que se deve isso?

Se a Constituição do país e a lei fossem cumpridas, eu não estaria aqui. Estou preso porque no Paraguai não há lei. Tenho a certeza de que Deus, o povo e a verdade sempre triunfarão. Por isso voltei para o Paraguai e me apresentei voluntariamente. Poderia até ser deputado no Brasil, onde conheço muitas pessoas e tenho amigos políticos, mas preferi voltar ao meu país.

O presidente Nicanor está tentando mudar a Constituição do país para disputar a reeleição. O que o senhor pensa sobre isso?

Temos de nos respaldar e respeitar a Constituição. Até o momento não é possível que se faça essa mudança.

A tríplice fronteira passa por uma crise comercial. O que o senhor faria para melhorar a situação?

Primeiro é preciso encontrar alguma atividade substituta para o sacoleiro que trabalha na região e àqueles que hoje estão ligados ao tráfico de drogas. Para isso, pode-se incentivar o turismo fazendo concessões à iniciativa privada. Brasil e Argentina têm as Cataratas do Iguaçu. O Paraguai tem o Salto Monday. Uma das idéias é colocar um teleférico entre Paraguai, Argentina e Brasil onde o turista possa olhar desde as Cataratas do Iguaçu à majestosa represa de Itaipu. Tenho um projeto para incentivar o turismo, para o qual são necessários recursos de US$ 2 milhões. A idéia seria fazer concessões e privatizações para os projetos funcionarem. A privatização evita a corrupção.

Lino Oviedo, ex-general paraguaio

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