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A estudante paquistanesa baleada por homens armados do Talibã por defender a educação para meninas foi enviada à Grã-Bretanha para receber tratamento médico, informou um porta-voz militar do Paquistão nesta segunda-feira (15).

O porta-voz disse em um comunicado que a menina de 14 anos Malala Yousufzai, cuja tentativa de assassinato atraiu ampla condenação, vai precisar de cuidados prolongados para uma recuperação plena fisicamente e psicologicamente.

A ambulância aérea que transportou Yousufzai, fornecida pelos Emirados Árabes Unidos, partiu de Islamabad a caminho da Grã-Bretanha, disse o porta-voz.

"O painel de médicos recomendou que Malala seja deslocada para o exterior para um centro britânico que tem a capacidade de prestar cuidados integrados para crianças que sofreram danos graves", disse o porta-voz em um comunicado.

Um ataque de cerca de 50 militantes em um posto policial perto da cidade de Peshawar, na noite de domingo, destacou a luta do Paquistão para conter o Taliban e seus aliados. Pelo menos seis policiais foram mortos.

Yousufzai, uma estudante alegre que queria se tornar médica antes de aceitar a vontade do pai para buscar ser política, tornou-se um poderoso símbolo de resistência contra os esforços do Taliban para privar as meninas de educação.

Paquistaneses realizaram alguns protestos e vigílias com velas, mas a maioria dos funcionários do governo se absteve de criticar publicamente o Taliban pelo ataque, no que os críticos dizem ser uma falta de resolução contra o extremismo.

Opositores do governo do Paquistão e militares dizem que o atentado é outro exemplo de falha do estado em combater a militância, a maior ameaça para a estabilidade do país do sul asiático com armas nucleares.

O ataque contra Yousufzai aconteceu após anos de campanha que colocaram a menina contra um dos mais crueis comandantes talibãs do Paquistão, Maulana Fazlullah.

Fazlullah e sua facção do Talibã paquistanês assumiram o Vale do Swat, terra natal de Yusufzai, em 2009, após chegar a um acordo com o governo que lhes deu o controle de facto do ex-ponto turístico.

Fazlullah impôs a versão austera do islã do Talibã na região, explodiu escolas para meninas e publicamente executou aqueles considerados imorais. O Exército posteriormente lançou uma grande ofensiva em Swat, forçando muitos combatentes do Talibã a fugir.

Os homens de Fazlullah se espalharam através da fronteira com o Afeganistão. No início deste ano, eles sequestraram e decapitaram 17 soldados paquistaneses em uma das várias incursões transfronteiriças, que se tornaram uma nova dor de cabeça para o Paquistão.

Yousufzai continuou falando apesar do perigo. Conforme sua fama cresceu, Fazlullah tentou de tudo para silenciá-la. O Talibã publicou ameaças de morte nos jornais e as colocou debaixo da porta dela. Mas ela ignorou.

O Talibã diz que é por isso que eles mandaram assassinos, apesar de um código tribal proibindo o assassinato de mulheres.

Fontes do Talibã disseram que Fazlullah ordenou dois homens especializados em assassinatos de alto perfil para matar Yousufzai.

O Talibã do Paquistão, que está ligado à Al Qaeda, vem lutando há anos para derrubar o governo apoiado pelos EUA e estabelecer o tipo de regime imposto em Swat.

Os Estados Unidos e outros aliados ocidentais que dão ao Paquistão bilhões de dólares em ajuda vêm pressionando Islamabad para reprimir mais duramente o Talibã, a Al Qaeda e outros grupos que formaram uma complexa teia de militância.

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