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Centenas de estudantes favoráveis e contrários ao governo do Irã realizaram manifestações nesta terça-feira em Teerã, e um centro de lojas da cidade chegou a fechar em protesto contra um "insulto" ao fundador da República Islâmica, aiatolá Ruhollah Khomeini.

Os incidentes, relatados pela imprensa oficial e por um site reformista, são mais um sinal da tensão que volta a crescer no Irã, seis meses depois da polêmica eleição que mergulhou o país na sua pior crise interna desde a Revolução Islâmica de 1979.

As autoridades convocaram uma manifestação nacional na sexta-feira para condenar o fato de uma imagem do falecido Khomeini ter sido rasgada durante um protesto oposicionista na semana passada.

A agência estatal de notícias Irna disse que simpatizantes do governo se reuniram num campus da Universidade Azad, gritando "Morte à América" e "Morte aos hipócritas", numa alusão a líderes da oposição.

Já na manifestação da oposição, ocorrida na universidade feminina Al Zahra, houve gritos de "morte ao ditador", segundo relato do site Kaleme, que pertence ao líder da oposição Mirhossein Mousavi.

Membros do governo acusam os seguidores de Mousavi de profanarem a memória de Khomeini durante uma manifestação em 7 de dezembro, que foi dissolvida por policiais com cassetetes e gás lacrimogêneo.

A oposição nega envolvimento no incidente, sugerindo que as autoridades pretendem usá-lo como pretexto para mais repressão a dissidentes.

Clérigos radicais e outros líderes favoráveis ao governo realizaram várias manifestações nos últimos dias contra o "insulto" a Khomeini. Na terça-feira, foi a vez de os comerciantes fecharem as portas nos bazares de Teerã e Tabriz (noroeste), segundo a TV estatal.

Reagindo às acusações de blasfêmia contra Khomeini, estudantes reformistas reagiram com outras manifestações nesta semana, segundo os sites reformistas. Os estudantes são a maior força do movimento reformista iraniano.

Na manifestação da Al Zahra, as manifestantes perguntavam, segundo o Kaleme: "Onde estás Khomeini? Mousavi está sozinho". Mousavi foi primeiro-ministro na década de 1980 e prega um retorno aos "valores fundamentais" da era Khomeini.

Na versão da Irna, a manifestação contra o insulto a Khomeini reuniu 700 pessoas, enquanto a outra manifestação foi breve e tinha cerca de cem participantes.

Já o Kareme disse que os governistas desistiram do seu protesto ao encontrar os "irados" alunos reformistas.

Não foi possível verificar qual dessas versões corresponde à verdade, já que os veículos estrangeiros de comunicação estão proibidos de cobrir os incidentes nas ruas.

As novas manifestações são menores do que as registradas depois da eleição de junho, que segundo Mousavi foi fraudada. Desta vez, no entanto, parece haver mais radicalismo, com slogans contra toda a liderança clerical, e não só contra o presidente reeleito do país, Mahmoud Ahmadinejad.

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