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RIO – Os oceanos de Marte, onde a vida poderia ter se desenvolvido no planeta, talvez nunca tenham existido, indica estudo que avaliou dois possíveis cenários antagônicos para o clima marciano há bilhões de anos. Segundo os pesquisadores, as análises favorecem mais à visão de que Marte era extremamente frio, com sua água majoritariamente presa na forma de gelo durante a maior parte do tempo na sua superfície, do que a de que era mais quente e úmido, com um grande oceano tomando seu hemisfério Norte, e assim mais parecido com a Terra de hoje.

Desde que as sondas Viking, da Nasa, mostraram sinais de possível erosão causada por água na superfície de Marte nos anos 1970, os cientistas têm debatido sob que condições climáticas seus aparentes canais e vales teriam se formado. Nesta discussão, a ideia de um Marte “quente” e mais hospitaleiro à vida ganhou muito mais atenção do que a possibilidade contrária, em que a vida teria muito mais dificuldades para evoluir.

Para saber qual dos dois cenários melhor explicava as atuais formações geológicas vistas no planeta, Robin Wordsworth e colegas da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Universidade de Harvard montaram um modelo tridimensional da circulação atmosférica marciana para comparar como seria o ciclo da água em Marte sob diferentes condições climáticas entre 3 bilhões e 4 bilhões de anos atrás, durante os períodos geológicos marcianos conhecidos como o fim do Noaquiano e início do Hesperiano. Num destes cenários, eles observaram o comportamento de um Marte úmido, sob uma temperatura média global de 10 graus Celsius, enquanto no outro o planeta era gelado, com uma temperatura média de -48 graus Celsius.

Segundo os pesquisadores, o cenário frio é mais provável devido ao que se sabe sobre o histórico do comportamento do Sol e a inclinação do eixo de rotação de Marte então, além de melhor explicar as atuais formações geológicas no planeta. Wordsworth lembra que Marte recebe apenas 43% da energia do Sol que chega à Terra e naquela época nossa então bem mais jovem estrela era 25% menos brilhante do que hoje. Além disso, uma inclinação extrema do eixo de rotação de Marte faria com que seus polos fossem apontados para o Sol frequentemente, levando o gelo a se formar nas regiões equatoriais, onde então poderia ter “cavado” os canais e vales hoje vistos na área.

Por fim, mesmo levando em conta possíveis fatores que aqueceriam Marte, incluindo uma atmosfera mais densa cheia de dióxido de carbono, um dos principais gases causadores do efeito estufa, e incluindo outros desconhecidos que “forçariam” seu clima a ficar mais quente, os modelos mostram que o planeta ainda seria frio demais para ter um oceano.

- Ainda estou tentando manter a mente aberta sobre isso, já que ainda temos muito trabalho a fazer, mas nossos resultados mostraram que o cenário frio e gelado se encaixa melhor à distribuição das formações por erosão na superfície – conta Wordsworth, principal autor de artigo sobre o estudo, publicado na última edição do periódico científico “Journal of Geophysical Research – Planets”, editado pela União Americana de Geofísica (AGU, na sigla em inglês). - Isto sugere fortemente que Marte antigamente era em geral muito frio, e a água chegava aos seus planaltos na forma de neve, e não de chuva.

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