• Carregando...

As mortes de crianças em todo o mundo parecem ter diminuído em um ritmo mais rápido que o previsto por autoridades, aponta um novo estudo publicado hoje no site da revista médica britânica The Lancet. Cientistas calcularam que 7,7 milhões de menores de cinco anos morrerão em 2010, quando em 1990 morreram 12 milhões deles. O estudo utilizou mais dados que outros e um modelo estatístico melhorado.

A nova estimativa é menor que a última cifra de mortes de crianças apurada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Em 2008, o órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) havia afirmado que 8,7 milhões de crianças morreriam a cada ano por causas evitáveis como a diarreia, a pneumonia e a malária.

"Estamos um pouco mais avançados do que pensávamos", afirmou Christopher Murray, um dos autores do estudo e diretor do Instituto de Medições e Avaliação de Saúde, da Universidade de Washington. Murray e seus colegas revisaram informações de 187 países, de 1970 a 2009. Eles descobriram que as mortes infantis caíram cerca de 2% ao ano. Apesar disso, a queda é menor que a de 4,4% necessária para se alcançar a meta as Nações Unidas de reduzir as mortes infantis em dois terços até 2015.

Murray afirmou que a mortalidade infantil se reduziu de maneira importante em países como Libéria e Níger, mas que não havia muito progresso em países ricos como a Grã-Bretanha ou os Estados Unidos. Em alguns casos, a informação disponível era limitada e, assim, os investigadores utilizaram projeções com modelos estatísticos para estimar o número de mortes. A investigação foi patrocinada pela Fundação Bill & Melinda Gates.

"Estamos muito felizes porque esse estudo reforça nossa ideia de que o aumento de medidas como os mosquiteiros para camas contra a malária e as pílulas de vitamina A começam a ter impacto", disse Mickey Chopra, diretor de Saúde do Unicef, entidade que não participou desse estudo. Ele se mostrou surpreso pelo avanço em países como Níger e Malauí, que não tiveram grande crescimento econômico. "Enquanto esperamos que os níveis de pobreza se reduzam, ainda se pode fazer muito para melhorar a saúde."

Ceticismo

As cifras da saúde mundial costumam flutuar, por isso nem todos se mostraram convencidos pelo estudo. A pesquisa também não apresenta evidências de que os programas da ONU sejam os responsáveis pela redução nas mortes de crianças. Alguns especialistas apontaram como possíveis causas a queda no número de pessoas com aids e a falta de estatísticas confiáveis em alguns países.

Mit Philips, especialista em saúde da organização Médicos Sem Fronteiras, disse estar contente porque menos crianças morrem por ano, mas afirmou que ainda é necessário fazer muito mais. "Se partimos de uma taxa de mortalidade alta, como a que há na África Subsaariana, e conseguimos reduzi-la, ainda será alta."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]