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A erradicação da malária só pode ser alcançada com investimentos repetidos em um longo período e vai exigir uma mudança profunda nas políticas e investimentos, focados atualmente em controlar a doença, disseram especialistas nesta sexta-feira.

Em uma série de estudos publicados no jornal médico Lancet sobre a possibilidade de erradicação das doenças contagiosas mais fatais, cientistas disseram que, para muitos países, eliminar a malária será uma batalha que vai levar décadas.

Assim como imunizações rotineiras contra doenças como a varíola e o sarampo, o combate à malária exigirá investimentos a longo prazo para assegurar que a enfermidade não volte, mesmo depois do fim de um intenso esforço para erradicação, afirmaram.

"O sucesso na erradicação exigirá uma mudança fundamental na percepção do investimento sobre a malária da chamada vitória rápida para um gasto rotineiro", afirmou Oliver Sabot, da Iniciativa Clinton para o Acesso à Saúde, nos Estados Unidos, que liderou o estudo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 3,3 bilhões de pessoas, ou metade da população mundial, corre o risco de contrair malária, que é disseminada por mosquitos.

Há cerca de 250 milhões de casos de malária no mundo, além de quase um milhão de mortes por ano. As pessoas que vivem nas regiões mais pobres do planeta são as mais vulneráveis.

Para combater a malária, o laboratório britânico Glaxosmithkline está realizando testes finais em uma vacina experimental chamada Mosquirix e espera ter os resultados até 2011. Se o trabalho de prevenção for positivo, a empresa tentará aprovar a vacina até 2012.

ENCOLHENDO O MAPA DA MALÁRIA

Em um comentário sobre as descobertas do estudo, os editores do Lancet Richard Horton e Pamela Das disseram que os países não devem buscar a erradicação da malária sem a análise cuidadosa dos custos e implicações dos programas.

O foco equivocado em tentar erradicar a doença quando esse objetivo está muito distante pode causar perigosas oscilações no financiamento e no comprometimento político, além de colocar em risco o sucesso dos esforços para controlar a malária.

"A busca da erradicação não pode desviar o bom trabalho de controle da malária já existente", escreveram. "Se os esforços de controle estão de fato aumentando, até 2015 as vidas de 1,4 milhão de crianças podem ser salvas apenas na áfrica subsaariana."

Em outro estudo, cientistas disseram que a forma mais prática de combater a doença é dar prosseguimento no encolhimento do "mapa da malária", que retrata os países em que a doença é endêmica.

Richard Feacham, diretor do Grupo Global da Saúde da Universidade da Califórnia, que trabalhou nas pesquisas, disse que a erradicação total da malária é improvável antes de 2050 ou 2060, mas a eliminação país por país é possível.

Durante a primeira metade do século 20, 178 países tiveram malária endêmica, disseram os cientistas. Desde 1945, 79 erradicaram a doença, incluindo a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, em 1952, a Austrália, em 1970 e, mais recentemente, o Marrocos, em 2005, e o Turcomenistão, neste ano.

Mas 99 nações ainda têm malária endêmica. Dessas, 32 estão caminhando de malária com baixa endemia para a erradicação, enquanto 67 tentam controlar a doença. Os 32 países anteriormente citados têm mais de 2 bilhões de habitantes e incluem a China, a Argentina, o Iraque, o México, a África do Sul, a Turquia e a Coreia do Norte.

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