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Mogadiscio – A Etiópia ampliou ontem a ofensiva militar contra rebeldes islâmicos da Somália ao bombardear os dois maiores aeroportos do país enquanto tropas lutavam nas proximidades de Baidoa. As forças etíopes apóiam o frágil governo interino somali, reconhecido internacionalmente, na disputa com a União das Cortes Islâmicas, milícia que controla boa parte do país.

Há temores de que a crise se torne um conflito regional que englobe a região do Chifre da África. Aviões etíopes despejaram duas bombas no Aeroporto Internacional de Mogadiscio, recentemente reaberto após a tomada, em junho, da cidade pelos islâmicos. Ataques aéreos também atingiram o aeroporto de Baledogle, a 100 quilômetros a noroeste de Mogadiscio. Segundo autoridades locais, uma pessoa foi ferida nos ataques.

O premier somali, Ali Mohamed Gedi, disse que os islâmicos tinham 8 mil combatentes estrangeiros no país para combater o governo. No sábado, o líder das cortes islâmicas, Yusuf Mohamed Siad, conclamou muçulmanos do mundo todo a ingressar na jihad (guerra santa) contra a Etiópia.

Há quase uma semana, o governo, apoiado por tropas etíopes, enfrenta os islâmicos perto da capital do governo interino, Baidoa. Gedi se mostrava confiante ontem.

O governo somali ordenou ontem o fechamento de todas as fronteiras do país. O anúncio tem pouca efetividade, já que as autoridades locais exercem poder apenas em Baidoa.

Apesar de não haver estimativas confiáveis sobre as vítimas do conflito, fontes próximas à linha de combate calculam que mais de cem pessoas morreram no país ontem. Durante a semana, o governo interino já calculou em "centenas" o número de islâmicos mortos. Os milicianos também alegam ter matado centenas de adversários.

No domingo, a Etiópia declarou guerra contra a União das Cortes Islâmicas. Segundo Gedi, o envolvimento ocorreu pela infiltração de milicianos islâmicos na Etiópia.

"A presença de terroristas internacionais torna a crise um problema global", analisou. O premier pediu pelo cumprimento rápido do plano para enviar uma força de estabilização da ONU ao país.

A Somália é hoje um país dividido entre os seguidores do governo internacionalmente reconhecido, mas politicamente fraco, e as forças islâmicas. Temerosos de uma expansão da influência islâmica e do potencial da Somália de virar um novo front em sua "guerra ao terror’’ no geograficamente estratégico Chifre da África, os EUA apóiam a Etiópia.

A Somália, quase inteiramente muçulmana, e a Etiópia, majoritariamente cristã, mantiveram confrontos sangrentos por vários anos. Os dois países se enfrentaram em uma guerra costeira em 1977 e em 1978, quando forças somalis tentaram conquistar uma área de fronteira e acabaram desmoralizadas pelos soldados etíopes. Os colapsos levaram à queda do governo central em Mogadiscio, em 1991, que seria seguido por 15 anos de anarquia.

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