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| Foto: Gary Cameron/Reuters

Hipocrisia

Para a China, a atitude de Washington é hipócrita, já que os EUA realizam uma ampla espionagem em nível mundial, como revelaram as informações divulgadas pelo ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA) Edward Snowden.

31 acusações foram apresentadas no estado da Pensilvânia contra os chineses e preveem penas de prisão que variam de 10 a 15 anos.

2006 foi o ano em que o hackers começaram a acessar dados dos EUA, como o projeto industrial de uma usina nuclear que uma empresa americana ia construir com um parceiro chinês.

O governo dos Estados Unidos acusou ontem cinco militares chineses de uma unidade secreta de "hackers" de espionagem industrial a empresas americanas dos setores de energia e mineração com a intenção de ajudar os concorrentes do país asiático. Pela primeira vez os Estados Unidos decidiram dar esse passo e acusar formalmente membros do Exército de Libertação Popular da China, os analistas da organização secreta "Unidade 61398", com sede em Xangai e que seriam encarregados de se infiltrar nas redes informáticas de empresas americanas.

O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, disse ontem em entrevista coletiva que "a categoria de segredos comerciais e outro tipo de informação empresarial sensível roubada é importante e obriga a uma resposta decisiva".

Cinco empresas líderes nos setores de energia nuclear, energia renovável e produção de aço e alumínio foram alvo: Westinghouse Electric, as filiais americanas da alemã SolarWorld, U.S. Steel, Alcoa, Allegheny Technologies, e o sindicato United Steelworkers, a maior do setor de aço.

O documento acusa Wang Dong, Sun Kailiang e Wen Xinyu pela responsabilidade material dos fatos e Huang Zhenyu e Gu Chunhui pela manutenção da infraestrutura utilizada nas operações de infiltração eletrônica.

Segredos

Segundo Holder, o exército chinês "acessava sem autorização os computadores das vítimas para roubar informação que pudesse ter utilidade para seus concorrentes na China, incluídas empresas estatais".

"Roubaram segredos comerciais para beneficiar particularmente companhias chinesas. Em outros casos, roubavam comunicações internas e sensíveis que abasteciam um concorrente ou a um adversário em litígio com informação sobre a estratégia e a vulnerabilidade da entidade americana", acrescentou o procurador-geral.

O promotor federal do distrito da Pensilvânia Ocidental, David J. Hickton, afirmou que o custo em pesquisa e desenvolvimento violado ultrapassa os "bilhões de dólares" e que "empregos americanos foram perdidos" por causa da concorrência desleal das empresas chinesas.

O presidente Barack Obama havia citado o tema depois que um estudo privado concluiu que o roubo cibernético custam aos Estados Unidos bilhões de dólares por ano.

Espiões só vão cumprir pena se Pequim cooperar

Os chineses acusados por ciberespionagem serão processados pelos tribunais federais do estado da Pensilvânia, mas, por não estarem no país, será improvável que se entreguem.

"No passado, a China nos desafiou a oferecer provas claras dos casos de pirataria que pudesse ser apresentada em um tribunal. Bom, agora as temos", advertiu John Carlin, o promotor do FBI encarregado da divisão de Segurança Nacional.

"Que fique claro, esta conduta é criminosa e não é esperada de uma nação responsável e nem é tolerável na comunidade econômica global", criticou Eric Holder, procurador-geral dos Estados Unidos, ao lembrar que os Estados Unidos não realizam espionagem eletrônica para beneficiar suas empresas.

"Esperamos que o governo chinês coopere e demonstre que respeita o império da lei. Usaremos todos os meios para que estes indivíduos compareçam diante dos tribunais federais", disse Holder.

Mas a China não parece muito disposta a aceitar os pedidos de extradição de Washington. Logo após o anúncio das acusações, Pequim respondeu que elas "estão baseadas em falsidades e violam gravemente as normas básicas que governam as relações internacionais".

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