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O Pentágono anunciou nesta sexta-feira o envio de mais 57 mil soldados ao Iraque, dentro do processo de rodízio das tropas americanas no país. Uma divisão do Exército e cinco brigadas de combate - um total de 20 mil soldados - começam a chegar ao Iraque no começo de 2007, segundo o Pentágono. Além disso, 27 mil soldados da ativa e 10 mil da reserva, participantes de unidades menores, também foram informados de que viajarão ao país no ano que vem.

Há um ano, os comandantes americanos esperavam ter a esta altura um número significativamente menor de soldados no Iraque, mas optaram por manter uma ocupação com cerca de 140 mil militares. Habitualmente, as unidades do Exército passam um ano no Iraque.

"Essa rotação continua o comprometimento dos EUA com a estabilidade a segurança do Iraque, embora seja flexível e adaptável a fim de atender à evolução das exigências da missão'', disse nota do Pentágono.

O contingente mantido no Iraque é objeto de acalorados debates em Washington, especialmente depois da vitória do Partido Democrata nas eleições parlamentares deste mês, provocada em grande parte pela impopularidade da guerra no Iraque.

Alguns democratas defendem uma saída gradual das tropas, mas o comandante americano no Oriente Médio, general John Abizaid, disse na quarta-feira que isso agravaria a violência sectária.VISITA HISTÓRICA

Em visita ao Vietnã, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou nesta sexta-feira que a lição que pode ser tirada da Guerra do Vietnã é que o exército americano "vencerá no Iraque se não abandonar o país".

Em declarações à imprensa, após almoçar com o primeiro-ministro australiano, John Howard, em Hanói, Bush afirmou que "todos querem resultados instantâneos, mas no Iraque será preciso esperar".

- Vai levar um longo tempo até que a esperança, que é a ideologia da liberdade, se imponha à ideologia do ódio - explicou Bush.

Bush não quer que seu país se retire do Iraque, como aconteceu no Vietnã há três décadas. Ele afirmou que a lição da sangrenta derrota militar americana há 30 anos obriga os Estados Unidos a serem pacientes no Iraque.

- Teremos êxito, a não ser que deixemos o país - assegurou Bush após almoço com o primeiro-ministro australiano, John Howard, na véspera da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec). - Temos a tendência no mundo de querer êxito instantâneo, mas a tarefa no Iraque precisa de tempo - completou.

Os democratas estão por trás dos pedidos para iniciar a fase de retirada do Iraque, mas a Casa Branca rejeita estabelecer qualquer agenda para levar para casa os cerca de 144 mil soldados americanos que estão atualmente no país.

Já os chefes militares americanos pensam em enviar pessoal especializado para treinar as forças iraquianas, no que parece a última tentativa de impedir que os iraquianos mergulhem numa guerra civil.

O general John Abizaid, comandante americano no Oriente Médio, destacou que o plano vai expandir consideravelmente as equipes militares. Já o general Peter Pace, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, pediu aos planejadores que analisem o aumento das chamadas equipes militares de transição, de 11 para 25 assessores, informou um oficial, que pediu para manter o anonimato.

John Abizaid disse que enviou cerca de 2 mil marines adicionais à província iraquiana de Al-Anbar, reduto da insurgência sunita, que o general reconheceu que não está sob controle.

Uma nova orientação para o Iraque pode sair de uma ampla revisão da estratégia governamental conduzida pela Casa Branca ou pelo ex-diretor da CIA Robert Gates, que deve ser confirmado como novo secretário de Defesa no próximo mês.

Os chefes de inteligência americanos sugerem um panorama ainda mais obscuro da deterioração da situação de segurança, ao destacar os grandes obstáculos enfrentados pelo governo de unidade nacional do primeiro-ministro Nuri Al-Maliki.

As comparações entre a Guerra do Vietnã, encerrada há 31 anos e que marcou toda uma geração de americanos, e a do Iraque, é um assunto inevitável para Bush desde que chegou a Hanói para participar da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia Pacífico (Apec).

Até o momento, a Casa Branca tinha evitado traçar paralelos entre os dois conflitos, mas o presidente liqüidou esse esforço com um par de frases que serão bem lembradas nos próximos dias. Inclusive, o encontro do passado com o presente parece ter afetado o presidente.

- Laura e eu estávamos conversando sobre como é impressionante o fato de estarmos aqui no Vietnã - disse Bush. - Minha primeira reação ao chegar aqui foi constatar que as sociedades e as relações podem constantemente ser melhoradas com o passar dos anos.POLÊMICA À VISTA

Soldado patrulha rua deserta no Iraque

A citação de Bush deverá causar bastante polêmica nos Estados Unidos já que o presidente contradisse a história em suas declarações. Durante a Guerra do Vietnã, entre os anos 1964 e 1973, cerca de 58 mil soldados norte-americanos morreram e mais de 300 mil ficaram feridos. O principal problema, segundo diversos analistas, era que o país havia entrado num conflito em que não tinha como vencer.

Os vietcongs, os comunistas do Vietnã do Norte, conheciam cada palmo da selva e faziam emboscadas e se escondiam em buracos no mato para atacar os marines. Sem saber como sair do atoleiro em que se meteram, os norte-americanos prolongaram a guerra por anos, mas o resultado final foi uma fragorosa e humilhante derrota.

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