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Kerry conversa com o chanceler de Omã, Yusuf Bin Alawi bin Abdullah, antes de reunião do Conselho de Cooperação do Golfo, na Arábia Saudita | Brendan Smialowski/Reuters
Kerry conversa com o chanceler de Omã, Yusuf Bin Alawi bin Abdullah, antes de reunião do Conselho de Cooperação do Golfo, na Arábia Saudita| Foto: Brendan Smialowski/Reuters

Resposta

Sem o aval da ONU, ataques aéreos na Síria seriam ato de agressão

Reuters

A Rússia declarou ontem que ataques aéreos contra militantes islâmicos na Síria sem um mandato do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) seriam um ato de agressão, o que pode fazer surgir um novo confronto com o Ocidente nas próximas semanas. "O presidente dos Estados Unidos falou diretamente sobre a possibilidade de ataques das forças armadas dos EUA contra posições do Estado Islâmico na Síria sem o consentimento do governo legítimo", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Alexander Lukashevich. "Essa medida, na falta de uma decisão do Conselho de Segurança da ONU, seria um ato de agressão, uma grave violação da lei internacional."

A percepção do plano americano como um possível "ato de agressão" foi confirmada ontem por um alto funcionário do governo sírio para a repórter Hala Gorani, da CNN.

Ao atacar o Estado Islâmico (EI) na Síria, os Estados Unidos estarão enfraquecendo um dos grandes inimigos de Bashar al-Assad. Mas a nova estratégia dos EUA pode incomodar o ditador sírio ao ajudar outros oponentes que também estão determinados a derrubá-lo.

A estratégia norte-americana para enfraquecer o Estado Islâmico na Síria não deve produzir resultados rápidos.

Diferentemente do Ira­­que, onde os ataques aéreos dos EUA rapidamente reduziram avanços do EI, Wa­­shington não tem parceiros fortes que possam atuar por terra.

Em uma guerra —a civil síria — que já dura mais de três anos e matou mais de 190 mil pessoas, o plano dos norte-americanos parece fadado a impulsionar o que resta da fragmentada oposição "moderada" a Assad.

Pode ser que demore bastante tempo até que os guerrilheiros rebeldes denominados de "Exército Livre da Síria" possam ser transformados em qualquer coisa que se aproxime de uma força militar.

Tanto os aliados quanto os oponentes de Assad concordam que não pode haver uma solução militar para uma guerra que precisa de uma decisão política. Mas o aumento do apoio — incluindo os treinamentos que a Arábia Saudita aceitou receber — poderá ao menos garantir uma sobrevida aos rebeldes que corriam o risco de serem varridos do mapa por Assad e pelo EI.

Eventualmente, uma oposição unificada e mais capacitada a segurar os territórios poderia criar um novo momento para negociações diplomáticas suspensas entre o Ocidente e os principais aliados de Assad, Rússia e Irã, que também estão em alerta com a ascensão do EI.

O presidente Barack Oba­­ma disse na última quarta-feira que não hesitará em atacar o EI na Síria, onde os militantes já dominaram porções de território no leste e no nordeste do país.

Obama também descartou a ideia de cooperação com o governo da Síria, o que era apontado por alguns analistas como um eventual resultado da luta contra o EI.

Alguns ainda acreditam que a cooperação indireta através de terceiros ainda pode ser possível.

"O regime de Assad e os iranianos são os vizinhos naturais no leste e no oeste, mas ele [Assad] não conseguirá negociar com o Ocidente como ele achou que conseguiria", disse Andrew Ta­­bler, um pesquisador do Wa­­shington Institute e especialista sobre a Síria.

"Os EUA decidiram que esta será uma guerra muito longa, e que eles irão apoiar a oposição", disse Tabler.

Obama disse que os EUA já haviam enviado assistência militar à oposição síria — uma possível referência a ajuda entregue através de um programa ostensivo e secreto de treinamento conduzido pela CIA. Ele também pediu que o Congresso aprovasse recursos adicionais de US$ 500 milhões para ajudar a oposição.

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