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O ministro de relações exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif (esquerda), o diretor geral da AIEA Yukiya Amano, e Federica Mogherini, representante da UE para Política Externa e Segurança assinam o acordo em Viena | HANS PUNZ/AFP
O ministro de relações exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif (esquerda), o diretor geral da AIEA Yukiya Amano, e Federica Mogherini, representante da UE para Política Externa e Segurança assinam o acordo em Viena| Foto: HANS PUNZ/AFP

Os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram neste sábado (16) a suspensão das sanções contra o Irã, como previsto pelo acordo nuclear alcançado em julho passado entre a nação islâmica e as seis potências mundiais.

O anúncio foi feito após o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), Yukiya Amano, ter confirmado que o Irã cumpriu suas obrigações perante o acordo nuclear.

A certificação pela AIEA permitirá ao Irã recuperar imediatamente cerca de US$ 100 bilhões em bens congelados no exterior.

Com o levantamento das sanções, o Irã também se beneficiará de novas oportunidades comerciais, financeiras e no setor do petróleo.

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Amano afirmou que a certificação significa que as relações entre o o Irã e a AIEA entram em uma nova fase. “Esse é um dia importante para a comunidade internacional. Parabenizo todos que ajudaram a tornar isso realidade.”

O anúncio histórico aconteceu horas depois de o Irã ter libertado quatro americanos, incluindo o repórter do “The Washington Post” Jason Rezaian, em troca de sete iranianos presos ou indiciados nos EUA, autoridades de Teerã e Washington.

Um estudante detido no Irã, identificado como Matthew Trevithick, também foi solto, mas sem relação com a troca de presos, afirmaram autoridades dos EUA.

Negociação

O grande avanço diplomático ocorreu enquanto os dois países negociavam os detalhes finais para levantar as sanções contra Teerã.

A previsão era de que Rezaian, o ex-marine Amir Hekmati, o pastor Saeed Abedini e Nosratollah Khosravi-Roodsari, cujo nome não havia sido divulgado previamente, voassem para a Suíça antes de serem transportados para um hospital americano em Landstuhl, na Alemanha, para tratamento médico.

Para Kerry, acordo nuclear passou de promessa a ação

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse, em pronunciamento em Viena, na Áustria, que este sábado (16) é o “primeiro dia de um mundo mais seguro”.

Falando à imprensa logo após o anúncio da revogação das sanções dos EUA e da União Europeia contra o Irã, Kerry afirmou que o acordo estabelecido neste sábado alterou fundamentalmente o programa nuclear iraniano e reduziu a ameaça de uma arma nuclear no país.

Para o secretário de Estado, essa nova etapa representa um horizonte de oportunidade para o povo iraniano e lembra “o poder da diplomacia para enfrentar desafios significativos”.

“Hoje registra-se o momento em que o acordo nuclear passa de ambiciosa promessa para a ação direta”, afirmou.

Kerry aproveitou seu discurso para informar que os americanos liberados horas antes do anúncio da revogação das sanções já haviam sido soltos e deviam estar “a caminho de casa”.

Mais cedo, o presidente iraniano, Hassan Rowhani, usou sua conta no Twitter para celebrar o acordo, que chamou de “benção”.

“Eu agradeço a Deus por essa benção e me curvo à grandeza da paciente nação do Irã. Parabéns por essa gloriosa vitória”, escreveu na rede social.

Como contrapartida, os EUA vão libertar ou revogar as acusações contra sete iranianos – seis dois quais têm dupla cidadania – acusados de violar as sanções americanas contra o Irã. Três deles, segundo a Reuters, foram perdoados diretamente pelo presidente dos EUA, Barack Obama. Não está claro se eles deixarão os EUA.

Além disso, os EUA suspenderão junto à Interpol mandados para a extradição de outros 14 iranianos supostamente envolvidos com tráfico de armas.

O anúncio sobre a troca de prisioneiros foi feito no mesmo dia em que o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, se reuniam em Viena.

A Agência Internacional de Energia Atômica deve certificar em breve que o Irã adotou todos os passos previstos para a implementação do acordo nuclear.

Libertados

Rezaian, 39, nasceu na Califórnia e tinha cidadania americana e iraniana. Ele era chefe da sucursal do “Washington Post” em Teerã quando foi preso em julho de 2014, juntamente com sua mulher, Yeganeh Salehi, que foi solta dias depois. O jornalista foi acusado de espionar o programa nuclear iraniano e de reunir informações sobre violações das sanções internacionais contra o Irã. Ele foi condenado em outubro em um julgamento secreto.

Parentes dizem que sua saúde é frágil e que ele precisa de remédios. Rezaian, que é o jornalista ocidental que passou mais tempo preso no Irã, tem hipertensão, dores lombares e depressão.

“Estamos eufóricos com a informação de que Jason foi libertado e saiu do Irã”, disse o publisher do Washington Post, Frederick J. Ryan Jr.

A troca de prisioneiros inclui Saeed Abedini, pastor cristão do Estado de Idaho que foi sentenciado a oito anos em 2013 por ameaça à segurança nacional, e Amir Hekmati, ex-marine de Michigan preso em 2011 enquanto visitava sua avó na capital, sob acusação de trabalhar para a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA).

O quarto prisioneiro libertado é Nosratollah Khosrawi, também de nacionalidade iraniana-americana.

Condições

A notícia do acordo chegou horas depois do chanceler iraniano afirmar, em Viena, que espera o levantamento das sanções internacionais contra o Irã e a liberação de cerca de US$ 50 bilhões de recursos iranianos congelados.

O acordo nuclear prevê que o Irã destrua várias centrífugas e um reator nuclear que poderiam ser usados para produzir energia nuclear, além de abrir mão do enriquecimento de urânio para fins militares.

A derrubada das sanções dará ao Irã acesso ao sistema financeiro internacional e permitirá que o país volte a exportar petróleo.

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