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Ocupação

EUA enfrentam protesto popular e dificuldades contra insurgentes no Afeganistão

Esta quinta-feira é véspera do aniversário de dez anos do início da guerra dos Estados Unidos contra o Taleban

Soldado norte-americano faz ronda em estrada de Khas Konar, no Afeganistão | REUTERS/Erik De Castro
Soldado norte-americano faz ronda em estrada de Khas Konar, no Afeganistão (Foto: REUTERS/Erik De Castro)

A ocupação americana levou centenas de afegãos às ruas de Cabul nesta quinta-feira, véspera do aniversário de dez anos do início da guerra no Afeganistão. A manifestação é mais uma mostra das dificuldades que os Estados Unidos enfrentam no país. Além da oposição de parte da população, reportagem do "New York Times" revela como o governo americano ainda busca um caminho para lidar com a insurgência afegã.

No fim de semana passado, um assessor de segurança do presidente Barack Obama se encontrou secretamente com uma autoridade de alto escalão das Forças Armadas do Paquistão, para quem levou um alerta: controle a rede Haqqani - grupo que atua no Afeganistão e, para os EUA, tem ligação com a agência de espionagem paquistanesa (ISI).

Semanas antes, segundo o "NYT", autoridades americanas se encontraram sigilosamente com líderes da Haqqani. O objetivo era avaliar se integrantes da rede poderiam participar de negociações para encerrar a guerra.

O jornal mostra que os dois encontros revelam as políticas contraditórias do governo Obama em relação ao Afeganistão e ao Paquistão. As conversas com a Haqqani, iniciadas pela agência de espionagem paquistanesa, indicam que os EUA reconhecem que apenas a força militar não é suficiente. Mas o diálogo ainda não apresentou resultados.

Além disso, o Departamento de Estado americano estaria pronto para incluir a Haqqani na sua lista de "organizações terroristas estrangeiras", o que permitiria o congelamento de bens de pessoas ligadas ao grupo.

A pressão sobre o Paquistão também vem aumentando. No mês passado, o agora ex-chefe das Forças Armadas, almirante Mike Mullen, disse que a ISI apoiou um ataque à embaixada dos EUA em Cabul, pelo qual a Haqqani reivindicou a autoria. Autoridades americanas também vem ameaçando aumentar os ataques com aeronaves não tripuladas ou fazer incursões no Paquistão se o país não combater a insurgência.

Os líderes da Haqqani indicaram que podem negociar, mas nos seus termos, diz o "NYT". O grupo mantém ligações com Al-Qaeda e Taleban, mas frequentemente atua de forma independente.

Críticas ao presidente na marcha na capital

Vítimas da violência, afegãos se reuniram nesta quinta-feira na capital, com faixas e placas, acusando os EUA de "massacrar" civis e acusando o presidente Hamid Karzai de ser um fantoche do governo americano. "Ocupação - atrocidades - brutalidade", dizia uma placa segurada por duas mulheres com lenços cobrindo a cabeça e o rosto.

"Não à ocupação", dizia outra placa, enquanto uma bandeira dos EUA era incendiada. Outra faixa mostrava uma caricatura de Karzai como um fantoche segurando uma caneta e assinando um documento intitulado "promessas aos EUA".

A marcha, perto de uma mesquita no centro de Cabul, durou cerca de três horas e terminou pacificamente.

Kazai se tornou líder do Afeganistão em junho de 2002, sete meses após forças da Otan apoiadas pelos EUA entrarem em Cabul e derrubarem o regime Taleban. Ele ganhou eleições subsequentes em 2005 e 2009.

Foram registrados neste ano níveis recordes de mortes de civis e, embora cerca de 80% tenham sido causadas por insurgentes, as mortes provocadas por forças estrangeiras costumam provocar mais ira pública.

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