• Carregando...
Militares dos EUA vigiam detentos na prisão de Guantánamo | Marinha dos EUA/Reuters
Militares dos EUA vigiam detentos na prisão de Guantánamo| Foto: Marinha dos EUA/Reuters

Washington - Um garoto de 14 anos vítima de sequestro. Um taxista que conhecia bem o Afeganistão. Um ho­­mem de 89 anos com demência senil. Esses são alguns dos "perigosos" detentos que passaram pela prisão americana de Guantána­mo, segundo arquivos secretos divulgados ontem.

Os 779 documentos, publicados por diversos jornais e pelo site WikiLeaks, mostram com detalhes inéditos até onde foi a arbitrariedade no trato com suspeitos de terrorismo pós-11 de Setembro.

Também revelam os manuais usados pela CIA e outras agências norte-americanas para classificar, interrogar e decidir o destino dos prisioneiros, com diretrizes que tornavam quase impossível a um inocente mostrar que não era extremista.

De 212 afegãos que passaram por lá, quase metade era de gente ou completamente inocente, ou forçada a trabalhar para o Tale­­ban, ou transferida para Guantá­­namo sem nenhum motivo que constasse nas fichas de avaliação das forças americanas.

Entre os arquivos secretos há fichas de quase todos os que já passaram pela prisão (só não há de 20 pessoas) desde que ela foi aberta, em 2002. Seguem em Guan­­tá­­namo ho­­je, mais de dois anos após o presidente Barack Obama ter ordenado seu fechamento, 172 detentos.

Ficou claro que agentes americanos se baseiam fortemente em depoimentos obtidos sob tortura. Um deles foi o de Khalid Sheikh Mohammed, acusado de planejar o 11 de Setembro.

Ele afirmou que, se Osama bin Laden for preso, a Al-Qaeda detonará uma arma nuclear escondida na Europa.

Os manuais de interrogatório revelam mais arbitrariedades. Agentes eram instruídos a tratar qualquer muçulmano que viajou ao Afeganistão após o 11 de Se­­tem­­bro como apoiador da Al-Qaeda – "qualquer outro motivo fornecido [para a viagem] é uma mentira completa".

O Pentágono disse que os documentos, vazados para o site Wi­­kileaks no ano passado e só agora divulgados, passaram por nova avaliação depois da posse de Oba­­ma. Em alguns casos, as novas conclusões sobre os detentos diferem do que está nos arquivos ex­­postos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]